Nossa, eu já estava com saudade de escrever aqui. Confesso que final de semestre é uma temporada agitada para nós professores, mas em breve retomo esse espaço com fôlego renovado e postando novidades. Andei fotografando algumas coisas interessantes em São Paulo, e também quero indicar alguns livros e filmes para as férias que, pela amostra de frio dos últimos dias, estarão propícias para a leitura e sessões de filmes com pipoca no sofá, debaixo do edredom – o pessoal de Itapecerica, Juquitiba e São Lourenço sabem do que estou falando. O frio dessas bandas é maior do que o de São Paulo.
Por enquanto, estou colando abaixo um texto do Ruy Castro, publicado na página A2 da Folha de S. Paulo, nessa segunda-feira. A coluna desse jornalista e biógrafo destaca-se das outras por causa dos temas que ele aborda: quase todos relacionados com a cultura do nosso país ou do mundo. Nessa semana ele falou sobre as consequências do discurso hippie no final dos anos 60. Achei legal dividi-la com vocês, já que alguns ainda não conseguem desassociar as drogas com a criatividade psicodélica dessa época. Boa leitura. Ah, e lembrem-se: a liberdade contribuiu para a criatividade desse período histórica; as drogas deixaram marcas vergonhosas na história e ainda destroem nossa sociedade.
RUY CASTRO - 1969 errou
RIO DE JANEIRO - Era 1968, 69, por aí. Ia nascer uma nova consciência, uma nova cultura, uma nova era, diziam. Todos teriam o direito de ficar na sua, chamar uns aos outros de bicho e nunca mais tomar banho. Uma geração que até bem pouco se deliciava com Ovomaltine e Grapette estava agora descobrindo a maconha, o ácido, a mescalina, o cogumelo, o ópio e outras substâncias proibidas.
Os novos heróis eram escritores como Carlos Castaneda, Timothy Leary, William Burroughs. Até o venerando Aldous Huxley, morto desde 1963, fora "redescoberto". Em seus livros, eles demonstravam como as drogas abriam as "portas da percepção" e revelavam fabulosos mundos interiores, tornando seus usuários pessoas especiais, talvez até superiores.
A certeza de que as drogas seriam privilégio de uma plêiade adulta e responsável fez com que muitos pregassem sua liberação, mesmo que pessoalmente não se interessassem por nada mais radical do que fumar cachimbo ou mascar chicletes. Mas, para a imaginação liberal daquele tempo, era irresistível o argumento de que ninguém, muito menos o Estado, poderia proibir o cidadão de dispor de seu corpo e de "expandir sua mente".
Bem, isso foi há 40 anos. Por mais mentes "expandidas", ninguém então imaginou as cenas que vemos hoje pelo Brasil: gerações convertendo-se ao tráfico para sustentar sua dependência, crianças de 8 anos fumando crack nas esquinas e morrendo à luz do Sol, e bocas de fumo controladas até por patuscas e insuspeitas mães de família.
Quem poderia prever que aquele sonho mágico se tornaria um negócio de bilhões -o narcotráfico-, responsável pelo esgarçamento do tecido social, a destruição de famílias em massa, a corrupção da polícia, os assassinatos sem conta, a vitória do submundo? Decididamente, 1969 errou longe.
Por enquanto, estou colando abaixo um texto do Ruy Castro, publicado na página A2 da Folha de S. Paulo, nessa segunda-feira. A coluna desse jornalista e biógrafo destaca-se das outras por causa dos temas que ele aborda: quase todos relacionados com a cultura do nosso país ou do mundo. Nessa semana ele falou sobre as consequências do discurso hippie no final dos anos 60. Achei legal dividi-la com vocês, já que alguns ainda não conseguem desassociar as drogas com a criatividade psicodélica dessa época. Boa leitura. Ah, e lembrem-se: a liberdade contribuiu para a criatividade desse período histórica; as drogas deixaram marcas vergonhosas na história e ainda destroem nossa sociedade.
RUY CASTRO - 1969 errou
RIO DE JANEIRO - Era 1968, 69, por aí. Ia nascer uma nova consciência, uma nova cultura, uma nova era, diziam. Todos teriam o direito de ficar na sua, chamar uns aos outros de bicho e nunca mais tomar banho. Uma geração que até bem pouco se deliciava com Ovomaltine e Grapette estava agora descobrindo a maconha, o ácido, a mescalina, o cogumelo, o ópio e outras substâncias proibidas.
Os novos heróis eram escritores como Carlos Castaneda, Timothy Leary, William Burroughs. Até o venerando Aldous Huxley, morto desde 1963, fora "redescoberto". Em seus livros, eles demonstravam como as drogas abriam as "portas da percepção" e revelavam fabulosos mundos interiores, tornando seus usuários pessoas especiais, talvez até superiores.
A certeza de que as drogas seriam privilégio de uma plêiade adulta e responsável fez com que muitos pregassem sua liberação, mesmo que pessoalmente não se interessassem por nada mais radical do que fumar cachimbo ou mascar chicletes. Mas, para a imaginação liberal daquele tempo, era irresistível o argumento de que ninguém, muito menos o Estado, poderia proibir o cidadão de dispor de seu corpo e de "expandir sua mente".
Bem, isso foi há 40 anos. Por mais mentes "expandidas", ninguém então imaginou as cenas que vemos hoje pelo Brasil: gerações convertendo-se ao tráfico para sustentar sua dependência, crianças de 8 anos fumando crack nas esquinas e morrendo à luz do Sol, e bocas de fumo controladas até por patuscas e insuspeitas mães de família.
Quem poderia prever que aquele sonho mágico se tornaria um negócio de bilhões -o narcotráfico-, responsável pelo esgarçamento do tecido social, a destruição de famílias em massa, a corrupção da polícia, os assassinatos sem conta, a vitória do submundo? Decididamente, 1969 errou longe.
6 comentários:
Pois é, meus amigos. Sem falar os que vão para os rendez-vous. Para achar alguém assim, não precisa ir até o Caixa-Pregos. Enfim, até aí, morreu Neves.
(para entender, chame sua avó. Ela traduzirá)
Não é só vida de professor que vira loucura! Aluno também, estudando para as bimestrais e fazendo milagre para tirar azul. Filme/livros + chocolate quente/pipoca + sofá e frio = ótimo!
E pensar que a maioria eram médicos! E receitavam como remédio mesmo a pessoa não precisando,você só precisava pagar.
Mas o sor uma dúvida...
Os Hippies foram os principais por esse "futuro" que o Brasil está tendo?
E qual a "quantidade" que era dos Hippies nessa época aqui no Brasil?
Bjão!(Júlia-9°)
Oi, Júlia!
Na verdade, não foram os hippies os responsáveis, mas uma nova mentalidade, uma nova maneira de pensar que passou a existir nesse momento.
A juventude dessa época passou a defender e praticar uma liberdade total, sem restrições. Liberdade de pesamento, artística e sexual. Foi uma espécie de resposta a antiga sociedade conservadora e às políticas repressivas que nós estudamos em sala. Até que esse "novo pensar" levou à descoberta das drogas, que foram associadas à práticas religiosas orientais que defendiam o desenvolvimento espiritual. Claro que os criminosos encontram nisso, uma forma de ganhar dinheiro, surgindo assim grandes cartéis que originaram os poderosos criminosos que hoje comandam o tráfico de drogas.
O Brasil, assim como outros países, sofreu influências dessas idéias, o que fez com que surgissem usuários de drogas numa quantidade bem maior do que no passado. Hoje, a droga se disseminou e faz muitas vítimas, principalmente em locais carentes, onde há menos informação. O que é uma pena.
Um abraço e bom final de semana.
Meu tio, na época, dono de fazendas de cacau, fez parte dessa geração que se "libertou". Foi namorado da Janis Joplin, "usou" toda a sua fortuna em drogas.
Morreu mendigo na Bahia !!!!
A verdadeira liberdade ele só adquiriu quando morreu!
mais:http://poetasandro.blogspot.com/2009/04/e-dificil-ter-um-contato-com-ele-e-nao.html
Ah, ok Sor!
Obrigada!
Bjão!
(Júlia)
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