quinta-feira, 11 de junho de 2009

O Corpo de Cristo

O feriado de Corpus Christi – expressão latina que significa Corpo de Cristo –, comemorado hoje, é uma festa da Igreja Católica onde é entregue, simbolicamente, aos católicos, o corpo de Cristo, representado pela hóstia. Sabemos que essa prática não é exclusividade dessa festa, mas está presente na eucaristia – momento do culto em que o padre pronuncia palavras que “transformam” o pão e o vinho no corpo e sangue de Cristo, respectivamente, e, em seguida, o compartilha com os fiéis. Foi instituída por Cristo, na última ceia, quando Ele pronunciou as palavras: “Este é o meu corpo... isto é meu sangue... fazei isto em memória de mim”.

A celebração do Corpus Christi foi incorporada no ano litúrgico pelo Papa Urbano IV, em 1264, a pedido de uma freira agostiniana que exigia uma festividade para a prática da eucaristia. A sua celebração também está associada à história de um sacerdote chamado Pedro de Praga, que duvidava da presença de Cristo na eucaristia. Angustiado, foi até Roma orar diante do túmulo dos apóstolos Pedro e Paulo, pedindo a eles o dom da fé. No caminho, participou de uma missa na Itália. No momento da eucaristia, a hóstia sagrada transformou-se em carne, e o sangue escorreu de sua boca, manchando suas vestes. A parte da hóstia que tinha nas mãos, mantinha sua forma original. O milagre provou a transmutação da hóstia no momento em que ela foi ingerida pelo sacerdote.

A prática de ornar as ruas com tapetes tornou-se costume no Brasil e em Portugal, provavelmente inspirada no relato bíblico em que Jesus, ao entrar em Jerusalém montado num jumento, tem o caminho por onde passa coberto por mantos e ramos de oliveiras [Mc. 11,8]. A idéia é a mesma. Se vamos receber Cristo, então, que se enfeitem as ruas.
Bom Feriado!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Os Falsários

O nazismo e o holocausto foram temas de aulas recentes no 9º ano. Indiquei alguns filmes e comentei com os alunos a quantidade de produções cinematográficas que abordam esse momento da História Mundial. E quando pensamos que o tema já havia sido explorado de todas as maneiras, relatando e documentando todos os acontecimentos envolvendo o genocídio ao qual os judeus foram submetidos, surge na telona mais um filme sobre o mesmo assunto. Trata-se de Os Falsários, filme austríaco, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2008. Para mais detalhes, clique abaixo no ipod e ouça um podcast sobre o longa metragem que estreou na sexta-feira passada. Boa audição.


O SPAM

Sempre que sobra um tempo livre, dou uma passada no blog do Antonio Prata. Gosto da maneira como ele escreve, principalmente da forma como ele transforma coisas da vida prática em textos deliciosos, relacionando um lembrete da irmã, fixado no banheiro, com seriados humorísticos; idas à locadora com a transformação do espaço urbano e etc. Em viagem aos EUA, ele postou a explicação [correta] do termo SPAM, que nos acostumamos a ouvir desde a época em que nossas caixas postais começaram a ficar abarrotadas desse lixo eletrônico. Muito bom. Clique aqui para ler.
Abraços.

terça-feira, 2 de junho de 2009

A Droga e os Hippies

Nossa, eu já estava com saudade de escrever aqui. Confesso que final de semestre é uma temporada agitada para nós professores, mas em breve retomo esse espaço com fôlego renovado e postando novidades. Andei fotografando algumas coisas interessantes em São Paulo, e também quero indicar alguns livros e filmes para as férias que, pela amostra de frio dos últimos dias, estarão propícias para a leitura e sessões de filmes com pipoca no sofá, debaixo do edredom – o pessoal de Itapecerica, Juquitiba e São Lourenço sabem do que estou falando. O frio dessas bandas é maior do que o de São Paulo.
Por enquanto, estou colando abaixo um texto do Ruy Castro, publicado na página A2 da Folha de S. Paulo, nessa segunda-feira. A coluna desse jornalista e biógrafo destaca-se das outras por causa dos temas que ele aborda: quase todos relacionados com a cultura do nosso país ou do mundo. Nessa semana ele falou sobre as consequências do discurso hippie no final dos anos 60. Achei legal dividi-la com vocês, já que alguns ainda não conseguem desassociar as drogas com a criatividade psicodélica dessa época. Boa leitura. Ah, e lembrem-se: a liberdade contribuiu para a criatividade desse período histórica; as drogas deixaram marcas vergonhosas na história e ainda destroem nossa sociedade.

RUY CASTRO - 1969 errou

RIO DE JANEIRO - Era 1968, 69, por aí. Ia nascer uma nova consciência, uma nova cultura, uma nova era, diziam. Todos teriam o direito de ficar na sua, chamar uns aos outros de bicho e nunca mais tomar banho. Uma geração que até bem pouco se deliciava com Ovomaltine e Grapette estava agora descobrindo a maconha, o ácido, a mescalina, o cogumelo, o ópio e outras substâncias proibidas.
Os novos heróis eram escritores como Carlos Castaneda, Timothy Leary, William Burroughs. Até o venerando Aldous Huxley, morto desde 1963, fora "redescoberto". Em seus livros, eles demonstravam como as drogas abriam as "portas da percepção" e revelavam fabulosos mundos interiores, tornando seus usuários pessoas especiais, talvez até superiores.
A certeza de que as drogas seriam privilégio de uma plêiade adulta e responsável fez com que muitos pregassem sua liberação, mesmo que pessoalmente não se interessassem por nada mais radical do que fumar cachimbo ou mascar chicletes. Mas, para a imaginação liberal daquele tempo, era irresistível o argumento de que ninguém, muito menos o Estado, poderia proibir o cidadão de dispor de seu corpo e de "expandir sua mente".
Bem, isso foi há 40 anos. Por mais mentes "expandidas", ninguém então imaginou as cenas que vemos hoje pelo Brasil: gerações convertendo-se ao tráfico para sustentar sua dependência, crianças de 8 anos fumando crack nas esquinas e morrendo à luz do Sol, e bocas de fumo controladas até por patuscas e insuspeitas mães de família.
Quem poderia prever que aquele sonho mágico se tornaria um negócio de bilhões -o narcotráfico-, responsável pelo esgarçamento do tecido social, a destruição de famílias em massa, a corrupção da polícia, os assassinatos sem conta, a vitória do submundo? Decididamente, 1969 errou longe.