terça-feira, 29 de julho de 2008

Sobre Mulheres do Século XIX

Lia, dia desses, uma biografia de D. Pedro I em que a autora, Isabel Lustosa, faz uma alusão à figura de Macunaíma, definindo o Imperador como um herói sem nenhum caráter. Livro bom, da Coleção Perfis Brasileiros, Editora Companhia das Letras. Durante a leitura, me deparo com uma descrição da educação destinada às mulheres no início do século XIX, aqui no Brasil: "Até 1815, a educação feminina se restringia ao aprendizado de orações e de alguns cálculos de memória, não sabendo a maior parte das mulheres nem ler, nem escrever, nem fazer as operações. Seu único lazer consistia nos trabalhos de agulha. Os pais e os maridos favoreciam essa ignorância a fim de impedir a correspondência amorosa. Foi apenas a partir de 1820 que a educação feminina tomou verdadeiro impulso, como atesta Debret: 'Os meios de ensino multiplicaram-se de tal maneira de ano para ano que, já hoje, não é raro encontrar-se uma senhora capaz de manter uma correspondência em várias línguas e apreciar a leitura, como na Europa'".

[Esse livro é uma boa indicação para aqueles que já leram o 1808, do Laurentino Gomes, e querem continuar a acompanhar os acontecimentos que se sucedem à vinda da família real para o Brasil, ou mesmo dar continuidade a essa saga, só que agora tendo como personagem central o controverso D. Pedro I]

quinta-feira, 24 de julho de 2008

HQMIX / Novos Talentos

Pessoal, adorei o Troféu HQMIX! Vi de perto o Angeli e o Laerte, duas figuras que instigaram a minha imaginação com a revista Chiclete com Banana quando eu tinha a idade de vocês; me emocionei com a homenagem que fizeram aos precursores do mangá no Brasil – principalmente ao Sr. Minami Keizi, o primeiro a desenhar no estilo mangá aqui no Brasil, na década de 60; ri de chorar com o grupo de teatro Parlapatões; vi o Maurício de Souza; ganhei uma edição da revista Mundo dos Super-Heróis, com a biografia do Alex Ross – depois que eu ler a revista, vou deixá-la na biblioteca do colégio, ok?

Outra coisa muito legal que foi divulgada lá é o Prêmio Fnac Novos Talentos, uma oportunidade para estudantes que gostem e produzam HQ’s. Os vencedores, além de terem seu trabalho publicado, ganham 10.000 em dinheiro, computadores, monitores, impressoras, softwares etc. A escola também ganha livros de quadrinhos para a biblioteca e computador.
Como nossa escola tem muitos artistas, desenhistas, músicos, cineastas e roteiristas, que tal vocês montarem uma “força tarefa” e inscreverem um trabalho?
Acessem o site e vejam o regulamento:
www.fnac.com.br/premiofnacnovostalentos
Mas corram, as inscrições vão até 30/08!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

O Oscar dos Quadrinhos

Na próxima quarta-feira, dia 23 de julho, acontece no Sesc Pompéia a entrega do vigésimo Troféu HQMIX, “o Oscar dos quadrinhos”. O evento é o maior prêmio da América Latina para os melhores lançamentos de quadrinhos e de humor gráfico de 2007. A apresentação ficará por conta de Serginho Groisman e banda, além da presença de desenhistas de todo o país. Na programação está prevista uma homenagem a desenhistas de mangá.

Aqueles que estiverem interessados anotem o endereço e horário. Nos encontramos lá.

Rua Clélia, 93
Pompéia – São Paulo
Telefone: 11 3871-7700
Quarta/20h.
Grátis – Retirada de ingressos na bilheteria no dia do evento.

História dos Quadrinhos

Visitei a exposição A História dos Quadrinhos no Brasil, que acontece no Sesc Pompéia até o dia 03 de agosto. São 20 painéis que contam, resumidamente, a evolução dos quadrinhos no Brasil.
Os alunos que não puderem conferir pessoalmente dêem uma olhada em algumas fotos clicando aqui.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

O Fino da Bossa

2008 é um ano para deixar qualquer professor de história entusiasmado, inspirado ou louco! Bicentenário da chegada da corte portuguesa no Brasil, acompanhada das inúmeras transformações de nossa história; noventa anos do término da I Guerra Mundial; centenário do nascimento de Guimarães Rosa, Cartola, Olga Benário, Simone de Beauvoir e do compositor russo Rimsky Korsakov; centenário da morte de Machado de Assis; centenário da imigração japonesa; 40 anos das revoluções iniciadas em maio de 68; e, por fim, 50 anos de Bossa Nova.
Por causa da enxurrada de publicações, fui obrigado a fazer concessões e escolher aquelas, segundo meu ponto de vista, essenciais. Já com as exposições, fraquejei. Ontem fui ao Parque do Ibirapuera e vi as duas sobre os 50 anos da Bossa Nova, uma gratuita no prédio da Bienal (Bossa 50) e outra paga, na Oca (Bossa na Oca).
A Bossa 50 superou minhas expectativas. A exposição, como diz o próprio material entregue na entrada, é múltipla, o que a torna única. Nela estão presentes história, fotografia, moda, música, arquitetura, audiovisual e design, retratando a riqueza cultural que envolve esse estilo musical. A visitação torna-se obrigatória, principalmente aos futuros alunos de Design Gráfico. As principais capas de LP’s produzidos na época, estão expostas sob a organização de Charles Gavin, baterista do Titãs e conhecedor do assunto.
Já a Bossa na Oca, recomendo para os alunos interessados em tecnologia. A exposição parece um set de filmagem do De Volta para o Futuro. Sete jukebox em forma de gigantescos vinis são operadas apenas pelo calor das mãos; as mesas do café exibem vídeos institucionais do Itaú Cultural; o calçadão de Copacabana foi recriado no subsolo; três filmes são exibidos nas paredes da Oca, em “cinemas” pouco convencionais; uma sala chamada O Silêncio, revela ao visitante a experiência de ouvir(?) o silêncio absoluto. Os R$ 10,00 da meia-entrada garantem algumas experiências interessantes.
Confiram as exposições, pelo menos a gratuita.

Alunos do Ensino Médio, preparem-se! A Bossa Nova será tema de algumas aulas-audição na parte da tarde. Até!



domingo, 13 de julho de 2008

Os Leões de Bagdá

Logo após a invasão de Bagdá pelas tropas americanas, em abril de 2003, os canais de televisão e os jornais, noticiaram a fuga de quatro leões do zoológico local, destruído por bombardeios. Esse é o mote da HQ – História em Quadrinhos – Os Leões de Bagdá.
O escritor Brian K. Vaughan escolheu os leões para contar a história da guerra, dando a eles características que fazem o leitor refletir sobre a questão humana e, principalmente, sobre a liberdade abordada sob a perspectiva de protagonistas que a encaram de diferentes olhares.

Leia a descrição dos personagens feita pelo jornal Folha de S.Paulo, em 12 de julho:

Zill, o leão adulto, é um “oportunista benevolente”, que até sente saudade da liberdade, mas que aceita viver sob qualquer tipo de “governo” (ou seja, de tratador) desde que sua família seja bem alimentada.
Noor é a rebelde que quer conquistar sua própria liberdade, em vez de ser liberta por alguma força externa. “Não importa como eles nos tratavam, aqueles que nos mantiveram cativos sempre serão tiranos”, diz ela, a certa altura.
Safa é a idosa com memórias vivas das dificuldades e dos perigos do passado, que prefere trocar parte de sua liberdade por segurança, enquanto Ali é o jovem inexperiente, que só conheceu a vida no zôo.


A Panini, editora que lançou aqui no Brasil a HQ, criou um hotsite que vale muito à pena ser visitado:
http://web.hotsitepanini.com.br/leoesdebagda/index.php

Lá, é possível conhecer melhor a história, os personagens, o autor e, o mais legal de tudo, ver um preview com trechos da HQ! Os desenhos são fabulosos e os rascunhos podem ser vistos na sessão Extras.
Tom, Raul, Ângela, Cristine, Gabriel e todos os alunos que gostam de HQs vão empregar muito bem os R$ 19,90 nesta Graphic Novel de 140 páginas. Os outros podem passar a levar a sério os “gibis”! =D

terça-feira, 8 de julho de 2008

Para se pensar, não?

A edição deste mês da Revista Piauí traz na página 31 uma foto que parece ter sido extraída de um filme noir (filme noir é um estilo de filme associado a filmes policiais, que retrata seus personagens principais num mundo cínico e antipático. O filme noir é derivado dos romances de suspense da época da Grande Depressão. Muitos filmes noir foram adaptados de romances policiais do período, e do estilo visual dos filmes de terror da década de 1930. Os primeiros filmes noirs apareceram no começo da década de 1940. Pra que fique mais claro o que é, mesmo que você não compre a revista, pare na banca e abra-a na página, isso não custa nada). A figura da foto é Jorge Lanata, famoso, segundo a revista, por ter ganho fama como “radialista, apresentador de tevê, escritor, documentarista, diretor de videoclipes de rock e editor”. Crítico do governo argentino, Lanata é polêmico e irônico. Em seu livro Argentinos, “ele procura analisar a formação socioeconômica da Argentina e sustenta que os negros foram exterminados de propósito nas guerras de independência, dizendo que os escravos foram colocados na linha de frente das batalhas. Cita como argumento o censo de 1810, quando os negros correspondiam a 25% da população. No de 1887, eram apenas 1,8%”.
A reportagem não se prende apenas às muitas facetas de Lanata. Ela denuncia as restrições impostas à imprensa argentina pelo governo da presidente Cristina Kirchner e sua família. Para atingir esse objetivo, ouve outros jornalistas e pessoas ligadas à imprensa. Num determinado momento, compara cifras gastas na imprensa argentina com as gastas no Brasil. “Só no ano passado, os jornais brasileiros arrecadaram 100 milhões de reais em publicidade do governo Lula”. Vejam que este valor refere-se apenas aos gastos do Governo Federal com a publicidade veiculada em mídia impressa, descartando os gastos com revistas e outros periódicos. Imaginem se somarmos a essa quantia os gastos dos governos estaduais, municipais, partidários e os valores destinados a outros veículos como tv, rádio, internet, etc! Acredito que isso é suficiente para pensarmos se os meios de comunicação nos oferecem um serviço de informação confiável. Seriam eles éticos a ponto de abrirem mão dessa quantia para criticarem o governo como se deve?
Há cinco anos nenhum repórter da empresa de Jorge Fontevecchia, dono da maior editora de revistas da Argentina, é atendido por qualquer integrante do governo. Sua empresa não recebe um centavo de publicidade oficial. O ex-presidente da Argentina, Nestor Kirchner, casado com Cristina Kirchner, atual presidente do país, declarou que a única pessoa que odiava era Fontevecchia. Se ligarmos os dois fatos, fica claro que, por não receber um centavo de publicidade do governo, as publicações do empresário ficam livres para criticar, denunciar e publicar os fatos como se sucedem, ou seja, exercer o verdadeiro papel da imprensa. Será que esse é o motivo de ser a única pessoa odiada pelo ex-presidente? Será que isso é um problema exclusivo da imprensa argentina? É para se pensar, não?

terça-feira, 1 de julho de 2008

Personal Che


Che Guevara está morto há quarenta anos. Está? Podemos dizer que o homem sim, a lenda não. O filme Personal Che deixa clara a idéia de que Ernesto Guevara – assim como tantos outros personagens históricos – é reinventado a cada dia, ignorando-se os fatos históricos, muitas vezes desconhecidos, para atender aos padrões, interesses e necessidades daqueles que se apropriam da sua imagem.
Assisti o filme no Espaço Unibanco e gostei muito, pois ele nos deixa com uma pulga atrás da orelha: as lendas, assim como os mitos, são o que são ou nós as criamos e fazemos a leitura que achamos conveniente? O filme já traz a resposta estampada no próprio título, mas vale muito a pena ser visto. Os diretores do filme – sendo um deles brasileiro – viajaram 12 países e descobriram os muitos “Ches” espalhados mundo afora: um santo, um nazista, um produto, um assassino, um revolucionário, um objeto de arte...
Quem estiver fugindo das muitas bobagens que entram em cartaz nas férias de julho, o percurso de Itapecerica até a Rua Augusta vale a pena.

Abaixo está o site (onde é possível assistir o trailer) e o blog do filme, assim como as salas e horários de exibição:

http://www.personalche.com/
http://personalche.blogspot.com/

Cine Bombril
Av. Paulista, 2.073 - Cerqueira César - Oeste. Telefone: 3285-3696.
Ingresso: R$ 11 a R$ 17 (sala 2, às 14h20: R$ 4).
Sala 02
sexta a quinta: 17h20

Espaço Unibanco Augusta
R. Augusta, 1.470 e 1.475 - Consolação - Centro. Telefone: 3288-6780 (salas 1 a 3) e 3287-5590 (salas 4 e 5).
Ingresso: R$ 12 a R$ 16
Sala 05
sexta a quinta: 16h10 e 20h10

HSBC Belas Artes
R. da Consolação, 2.423 - Consolação - Centro. Telefone: 3258-4092.
Aceita os cartões Diners, MasterCard, Visa. Ingresso: R$ 8 e R$ 16
Sala Aleijadinho
sexta, sábado e segunda a quinta: 16h30