domingo, 13 de dezembro de 2009

Medalhistas, parabéns!

Nossos Medalhistas:

A equipe Pau Brasil (Matheus Lima, Isabela Zanatta e Carol Maciel), representante do nosso colégio e de nosso município, merecidamente, trouxe da I Olimpíada Nacional em História do Brasil a medalha de prata!

A Olimpíada em números:

Foram aproximadamente 16000 alunos inscritos de todos os estados brasileiros, dos quais 1200 participaram da grande final na Unicamp, compondo as 300 equipes finalistas; 59 documentos analisados; 1 documento produzido pelos próprios alunos; 1 questão dissertativa baseada na Constituição de 1988 e no processo de redemocratização do país; 1 questão dissertativa sobre o conteúdo ideológico por detrás dos nomes primordiais de nosso país e a criação de um imaginário eurocêntrico no “Novo Mundo”; e, por fim, uma dissertação sobre o objeto da história: o homem.

Sobre a História e os medalhistas:

A História é o fato e o estudo do fato, ou seja, quando algo significativo acontece, dizemos que isso é História e, quando estudamos o que aconteceu no passado e produzimos conhecimento relacionado ao acontecimento, também chamamos isso de História.

Essa dualidade que envolve a História se materializou na participação de nossa equipe na Olimpíada. Ao mesmo tempo em que escreveram mais um capítulo da História de cada um, de nosso colégio, da Olimpíada Nacional em História do Brasil e da Unicamp, também se transformaram em objeto da História. Daqui alguns anos, quando os pequenos de nosso colégio forem grandes e participarem da 10ª edição da Olimpíada, visitarão o passado para se lembrarem que em 2009 a equipe Pau Brasil vivenciou experiência semelhante. Viram como a História eterniza as coisas, as pessoas e o que elas produzem?

Parabéns!

Agradecimentos:

Já agradeci aqueles que propiciaram a chegada de vocês na etapa final da Olimpíada. Mas, diante dessa enorme conquista, não posso deixar de fazê-lo de novo, incluindo as outras pessoas envolvidas:

Quero agradecer a Deus, por nos proporcionar a vida – eita experiência bacana; nosso mantenedor, Dr. Luiz Beraldo, por acreditar que a educação muda as pessoas e o mundo; Dona Angela, nossa diretora, por ter, junto com a secretaria da escola, providenciado tudo aquilo que foi preciso para a nossa participação na Olimpíada; Dona Elaine, nossa coordenadora, por ter, desde o princípio, acreditado no potencial dos participantes; pais, pelo interesse, suporte e apoio aos filhos; Fabíola, pelo computador, torcida e apoio; todos os professores, porque o sucesso de nossos alunos é fruto de um trabalho em equipe, onde cada um desenvolve uma das muitas habilidades que eles precisam; Tia Francisca, pelas fotocópias; Tio Joel e Isaquel, pelo transporte; Dona Maria Lúcia e equipe do Kinkaku-ji, pela ajuda e atenção dada a nossos alunos; e a todos os alunos que apoiaram seus colegas.

Matheus, Carol e Isabela, no alojamento, em Campinas

Equipe Pau Brasil na Unicamp

Local da Prova

Cerimônia de Premiação

Medalha

sábado, 5 de dezembro de 2009

Janelas

Fico feliz em ver meus alunos acompanhados de livros. Alguns escolhem o frescor proporcionado pela grande primavera que embeleza o pátio do colégio para, ali, passarem o almoço, o intervalo ou um horário qualquer imersos em histórias fantásticas, aterrorizantes, românticas etc.; outros preferem correr os olhos pelas manchetes, com a pressa que o jornal exige para ser lido antes que sirva apenas para embrulhar o peixe de amanhã; os mais exigentes com o que leem, e consigo, afastam-se dos ruídos, das pessoas, para encontrarem no bosque a companhia de pássaros ou, vez e outra, dos pequenos que por ali passam correndo, descobrindo o mundo mais pelos sentidos do que pelos livros; os atrasados, enquanto esperam para jogar na quadra ocupada, fazem suas tarefas de casa com um olho na apostila e outro no relógio. Em comum, o que todos compartilham em silêncio, distantes uns dos outros, é o prazer que só a leitura pode proporcionar; algo próximo do deslumbramento ou espanto que sente um estrangeiro diante das maravilhas encontradas em seu destino. É por isso que gosto de comparar os livros com janelas. Através deles vislumbramos o desconhecido, passando a conhecê-lo pouco a pouco, até que a confiança nos conduza pelos caminhos que se colocam diante de nós. Como diz um amigo meu, “o caminho se faz caminhando”. Por isso, continuem lendo.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Os dois lados da mesma tecnologia

Será que toda a parafernália tecnológica que nos rodeia e toma conta de boa parte do nosso tempo, seja em tarefas produtivas, ou não, está nos tornando mais burros, menos críticos e mais alienados? Pergunta parecida a essa foi feita pelo jornalista Christian Carvalho Cruz, do jornal O Estado de S.Paulo, em matéria publicada no suplemento Aliás, dia 27 de setembro. Ele não nos dá a resposta, mas dá indícios de um mundo próximo onde o homem talvez evolua para uma nova fase da humanidade: “Homo sapiens que falam pelos polegares”. Afinal, segundo o seu texto, já existe gente faturando quantias gordas por ter vencido campeonato de quem digita um SMS – mensagens de celular ou, se preferir, torpedos – mais rápido. As justificativas para esse incentivo ao envio de SMS são muitas, desde o custo, que é menor do que uma ligação, até a “praticidade” de se comunicar em locais onde você deveria ficar em silêncio, atento ao que acontece diante de seus olhos – comprovei isso recentemente, quando fui ao teatro assistir uma peça que começava no escuro, no breu total, tendo como única fonte de luz a chama do isqueiro do ator, que acendia um cigarro. No fim da peça, em um bate-papo com o ator, ele se mostrou incomodado com a quantidade de luzes emanadas dos celulares que clareavam o rosto da plateia, prisioneira dos seus telefones. Bem, mas voltando à matéria do Estadão, quando eu a terminei de ler, lembrei de um estudo que foi realizado com jogadores de video game que passam horas apertando botõezinhos de joysticks e, por isso, estavam ficando com os polegares achatados; o que não deixa de ser uma mudança anatômica no processo evolutivo. Além disso, nossos pulmões também estão mais comprimidos, devido a posição em que teclamos, seja nos nossos celulares ou nos nossos teclados, ao conversar através do MSN. Segundo médicos, isso “bloqueia a expansão dos pulmões, afetando a respiração” e, como consequência, “priva o cérebro de oxigênio e pode acabar comprometendo a capacidade de memória e aprendizado”.
Resumindo, ouça seu pai quando ele pede para você desligar o computador, o video game ou reduzir o valor da conta do telefone celular; você está correndo o risco de prejudicar a memória ou a sua capacidade de aprendizado.

Mas será que estamos menos críticos e mais alienados por causa da tecnologia?

Realizei um exercício de imaginação com o 3º ano do Ensino Médio, onde perguntei a eles como reagiriam diante de um novo AI-5 (ato institucional nº 5, que, na época da ditadura militar, fechou o Congresso Nacional, censurou a imprensa, prendeu e torturou jovens opositores do regime político vigente). A maioria respondeu que, diante do chamado Milagre Econômico, ocorrido na época, talvez a geração atual não se importasse em fazer oposição ao governo, já que com acesso ao dinheiro, numa época em que o consumo é apregoado e encarado como requisito para ascensão, tudo estaria dentro dos conformes. Outros disseram que a internet seria um veículo de luta, manifestação etc., já que é possível publicar conteúdo em servidores fora do país. Que percepção, fiquei maravilhado! Exemplo dessa tese levantada pelos alunos é a repercussão dos textos publicados pela cubana Yoani Sánchez, no blog Geração Y, que, inclusive, teve alguns textos escolhidos e publicados num livro (De Cuba, Com Carinho) lançado aqui no Brasil pela Editora Contexto (leia o primeiro capítulo).

A história dessa escritora é interessante, a começar pelo nome. Yoani, com y, é resultado da forte influência soviética na ilha, já que a URSS participou do processo pós-revolucionário cubano, garantindo o regime de Fidel Castro, ameaçado pelos EUA. E, por causa dessa influência, que extrapola as relações políticas e econômicas, infiltrando-se na cultura, houve na ilha uma enxurrada de nomes com y. É por fazer parte dessa geração, desse momento histórico, que escolheu Geração Y para dar nome ao seu blog, onde publica, quase diariamente, textos que relatam sua insatisfação e frustração com o governo cubano, com as condições de vida em seu país, com o descaso e desrespeito internacional. O simples desejo de compartilhar essas inquietações tomou proporções gigantescas. Passou a ser lida pelo mundo todo; publicou em seu blog uma carta aberta ao presidente dos EUA, Barack Obama, e obteve resposta do próprio; como dito acima, publicou um livro aqui no Brasil – mas foi impedida de comparecer ao lançamento, já que desde o caso dos lutadores de boxe cubanos, que não quiseram voltar ao país, estão proibidas viagens para o exterior; organiza palestras para capacitar as pessoas a usarem o computador e, principalmente, a internet, explicando aos interessados como construir e postar textos em blogs. Mas, como era de se esperar, foi vítima de violência praticada por agentes do governo cubano, passou dias andando com o auxílio de muletas e, quando percebeu que era vigiada constantemente por delatores e homens do governo, passou a fotografá-los e publicar seus rostos em seu blog. Eis um exemplo de como a internet pode ser um espaço de resistência, conscientização e luta por direitos, contrariando a ideia de que a rede é mais um veículo alienante.

Também vale lembrar que não é só o cidadão comum que usa a chamada internet 2.0 – essa nova fase da rede onde é o usuário que gera o seu conteúdo (blogs, youtube, twitter, orkut, facebook etc.) – para fazer política. Os governos também a utilizam para reprimir, vigiar e punir os cidadãos que fazem oposição a eles. É o caso de países como a China, que contrata blogueiros – remunerando-os por textos publicados – para manipularem a opinião pública; o Egito, que prende blogueiros e usa os mesmos artifícios do governo chinês; a Rússia, que pretende criar uma Câmara dos Blogueiros, para decidir as normas da blogsfera e, por fim, o Irã, que procurou em páginas de relacionamento como orkut e facebook, fotos de manifestantes que faziam oposição aos governos do presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Então, tentando responder a pergunta aí de cima, acho que depende. Podemos perceber a internet como um espaço de conscientização e união para muitas causas justas, assim como podemos ser vítimas da alienação gerada por governos ou por nós mesmos.

Abraços.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Parabéns!!!

A comissão organizadora da I Olimpíada Nacional de História do Brasil antecipou a divulgação dos nomes das equipes finalistas; e é com MUITA alegria que eu informo a todos que uma de nossas equipes foi classificada – e muito bem classificada – para a grande final, que acontecerá nos dias 12 e 13 de dezembro, na Unicamp!

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Queridos alunos,

Vê-los participar dessa Olimpíada foi motivo de orgulho para mim. Não só por terem se destacado em meio a tantos outros participantes de todas as partes do Brasil, mas pela conduta ética e comprometimento de cada um. Lembro-me de ter comentado mais de uma vez com a direção e com meus colegas professores, o fato de nenhum de vocês participarem do blog ou de algum dos fóruns da Olimpíada para ridicularizar outros participantes, atitude que, infelizmente, outros participantes tiveram. Outro problema gerado por boa parte das equipes participantes foi a solicitação de troca de senha, pois integrantes de um mesmo time não confiavam nos próprios parceiros. Nenhum de vocês gerou esse problema, demonstrando assim, a tolerância e a capacidade de cada um em conviver com as diferenças dos outros e as suas próprias limitações. Isso já demonstra o quanto são VENCEDORES, antes mesmo do início da etapa final.

Outro ponto importante que eu não poderia deixar de lado é o fato dessa Olimpíada não se preocupar com o conhecimento factual ou aquele apregoado pela historiografia do vencedor, a chamada História Oficial. Pelo contrário, a Olimpíada privilegiou a Nova História, preocupada em difundir um saber crítico, que leva em consideração todos os grupos e classes envolvidas nos processos históricos. E, para mim, na condição de professor, vê-los pesquisar, compreender e participar com excelência da construção desse novo saber histórico é mais uma vez motivo de orgulho e admiração. É ter a certeza de que vocês irão participar do mundo com todos os pré-requisitos para torná-lo mais justo e perfeito, compreendendo os erros cometidos no passado e, por isso, sugerindo outros rumos individuais e coletivos para que esses erros não se repitam no presente e futuro.

Aos finalistas, integrantes da equipe Pau Brasil [Matheus de Lima Gomes, Isabela Juliani Zanatta e Carolina Maciel de Arruda], PARABÉNS e boa sorte! Mas saibam que já são vencedores. Não só pelos motivos destacados acima, mas por terem a oportunidade de vivenciar uma experiência junto com pessoas de outras partes do país, interagindo com elas e dividindo pontos de vista e visões de mundo. Além disso, a vida universitária de vocês será mais rica depois de uma visita à Unicamp, onde será possível dialogar com mestres, doutores e pessoas responsáveis por interpretar, pesquisar e escrever boa parte da historiografia de qualidade do país. Também quero deixar aqui um parabéns especial ao aluno Matheus Lima que, por ser aluno do 3º ano do Ensino Médio, vai nos deixar no término desse ano. Mas, como todos sabem, é um aluno de uma dedicação e interesse acima do comum. Vencedor não só na sala de aula, mas na vida. Afinal, diante de todas as dificuldades que acompanhamos no decorrer dos últimos anos, se mostrou sempre vitorioso.

Aos integrantes da equipe Raízes do Brasil [Gabriela Goes Parra, Michel Henrique Dib Jorge e Nicolle Amorim da Silva], meus PARABÉNS, porque também são vitoriosos. Como vocês sabem, os três são alunos do 9º, e chegaram até a penúltima etapa da Olimpíada, superando as dificuldades propostas em cada uma das tarefas anteriores. Lembrem-se que a vida escolar de vocês ainda está longe de terminar e, por isso, ter chegado até aqui numa Olimpíada como essa é um motivo de alegria sem igual. Parabéns!

Professor Carlos Henrique

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Quero agradecer todos os alunos do Colégio 8 de Maio que apoiaram nossos participantes e se sentiram representados por eles – pois sabiamente entenderam que não precisamos estar no campo para torcermos pelo nosso time; Dona Elaine, nossa coordenadora, por desde o princípio ter acreditado no potencial de nossos alunos; Dona Ângela, nossa diretora, por ter acompanhado cada uma das etapas, viabilizando aquilo que foi e será necessário para a participação das equipes; Fabíola, por ter cedido, inúmeras vezes, sua mesa de trabalho para discutirmos e realizarmos as atividades da Olimpíada; Tia Fran, pelas cópias das etapas – eu sei que muitas vezes ela passou nossas cópias na frente de suas tarefas; as pessoas que nos receberam no Kinkaku-ji, pela atenção e carinho com que nos ajudaram a realizar uma das etapas mais difíceis da Olimpíada; Professora Iraci, pelos contatos e apoio; os professores, que acompanharam e vibraram comigo na sala dos professores cada vez que passávamos para uma nova etapa; e, por fim, ao nosso mantenedor, Sr. Luiz Beraldo, por ter apostado na conduta ética de nossos alunos e propiciar a realização desse trabalho de conscientização com eles.
Sem vocês, nossos alunos não teriam chegado onde estão. OBRIGADO!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Besouro

No dia 30 estreia nos cinemas Besouro, filme que conta a história do lendário capoeirista que, segundo a crendice popular, voava.

Cheio de cenas de luta criadas pelo mesmo coreógrafo de Matrix, Kill Bill e O Tigre e o Dragão, o filme promete ilustrar todos os aspectos fantásticos que envolvem a capoeira e a herança cultural do Brasil Colônia.

Confiram o trailer:



domingo, 18 de outubro de 2009

Estamos chegando...

Pessoal,

Nossas equipes passaram por mais uma etapa da Olimpíada Nacional de História do Brasil! Agora falta uma etapa para a grande final que acontecerá na Unicamp!!!
O resultado com o nome dos finalistas será divulgado no dia 15 de novembro. Torçam por nós.
Dia 15 volto com notícias da Olimpíada.

Abraços,
Prof. Carlos

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Quarta Fase

É com alegria que eu aviso a todos que nossas duas equipes passaram para a QUARTA ETAPA da I Olimpíada Nacional de História do Brasil! PARABÉNS!
Continuem com a mesma garra. A grande final, na Unicamp, está cada vez mais próxima.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Roma Lendária

Olá, 6º ano!

Hoje conversamos sobre a origem lendária de Roma, lembram-se? Vimos durante a aula as lendas de Romulo e Remo e O rapto das sabinas. Os dois quadros que eu comentei com vocês são esses:

1.
Enéias foge de Troia em chamas, do pintor Federico Barocci. Esse quadro foi pintado em 1598.

Clique na imagem para ampliá-la.

2. O rapto das sabinas, do pintor Poussin, pintado no século XVII:

Clique na imagem para ampliá-la.

domingo, 4 de outubro de 2009

Terceira Fase

Acabou a segunda fase da I Olimpíada Nacional de História do Brasil. Aproximadamente 1000 equipes de todo o país foram eliminadas nessa fase, mas AS DUAS EQUIPES QUE REPRESENTAM O NOSSO COLÉGIO CONTINUAM, agora na 3ª etapa!

Toda vez que sentamos para discutir as questões e apresentar nossas pesquisas, noto o empenho e a dedicação de vocês. PARABÉNS, vocês merecem!!!

domingo, 27 de setembro de 2009

Segunda Fase

As duas equipes que representam o Colégio 8 de Maio na I Olimpíada Nacional de História do Brasil passaram para a segunda fase. Parabéns a todos!
Agora, depois de quase 300 equipes eliminadas, peparem-se; a segunda fase começa amanhã.
Boa sorte!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

1ª Olimpíada Nacional de História do Brasil

O Colégio 8 de Maio está participando da Primeira Olimpíada Nacional de História, organizada pelo Museu Exploratório de Ciências, da Unicamp. Na sua primeira edição, a Olimpíada visa “estudar e debater a história nacional, por meio da leitura e interpretação de documentos, imagens e textos”. Aberta para a participação de alunos do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental II e 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio, nosso colégio, representado por duas equipes formadas pelos alunos Matheus de Lima Gomes, Isabela Juliani Zanatta, Carolina Maciel de Arruda, Nicolle Amorim da Silva, Gabriela Goes Parra, Michel Henrique Dib Jorge, tendo eu, Professor Carlos Henrique de Castro Assis, como orientador, participam juntamente com outras 3706 equipes de todo o Brasil.

A primeira etapa iniciada hoje, composta por 9 questões e 1 tarefa, deu início às reuniões e debates em torno das atividades propostas. Boa sorte para todos nós do Colégio 8 de Maio! Tenho certeza que estão todos torcendo pelas nossas equipes.

http://www.mc.unicamp.br/1-olimpiada/inicio/

sábado, 22 de agosto de 2009

Intendência das Minas

Desde os primeiros anos da colonização do Brasil o ouro já era procurado pelos colonizadores. O imaginário português, avivado pela grande quantia de riquezas extraídas das colônias de seu vizinho ibérico, a Espanha, encorajava aventureiros a embrenharem-se floresta adentro.
Após a sua descoberta, a Coroa decididamente não mediu esforços para subtrair das províncias a parte do ouro que, segundo a sua vontade, lhe cabia. Para isso, garantiu através de um sistema de fiscalização e cobrança muito rígido que esse ouro não escapasse das suas mãos e fizesse a riqueza dos colonos. Assim criou as Intendências das Minas.

“(...) em cada capitania em que se descobrisse ouro, seria organizada uma destas intendências que independia inteiramente de governadores e quaisquer outras autoridades da colônia, e se subordinava única e diretamente ao governo metropolitano de Lisboa.”
Caio Prado Júnior – História Econômica do Brasil.

O desenho acima – presente do Thobias para esse blog – retrata de maneira bem-humorada, mas sem deixar de ser fiel ao fato, a maneira como se dava a instalação das Intendências.
As jazidas descobertas precisavam ser imediatamente comunicadas à intendência da capitania. Se não fosse feito isso, corria-se o risco de severas punições.
Uma vez tomado conhecimento do local, o sistema de arrecadação de impostos era colocado em funcionamento para alegria do rei.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Tamota Moriore

Um dos integrantes do Mawaca colocou no YouTube uma das músicas apresentadas no show Rupestres Sonoros.
Como os vídeos do post anterior não eram da apresentação que assisti, incluí esse – provavelmente gravado no Auditório Ibirapuera, no final de semana em que acompanhei o espetáculo – para ilustrar melhor as sensações criadas por essa experiência musical de transformar arte rupestre em som.



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As informações abaixo foram extraídas do site:
http://www.mawaca.com.br/mawaca/index.html

TAMOTA MORIORE/KOKIRIKO NO BUSHI

Tamota é uma canção usada para dar início à troca ritual de presentes e comidas entre dois grupos, os da aldeia e os da floresta. No encarte do LP Xingu, consta que essa música pertence ao grupo de Kritão, um importante chefe Txucarramãe, já falecido. No meio do canto Txucarramãe, citamos um trecho de Kokiriko bushi, a canção folclórica mais antiga do Japão, do povoado Goka, na província de Toyama. Cantada pelos plantadores de arroz, ela tem a função de pedir aos deuses xintoístas proteção e uma boa colheita. Essa canção aprendida oficialmente nas escolas, ficou por muito tempo esquecida no início do século XX, quando foi vetado o contato com canções de estilo folclórico – o minyo. Mas nesta última década, ela se popularizou novamente e ganhou até versões para ringtones de celular!
Kokiriko é também um instrumento de bambu 23 centímetros, cujo som, parecido com o de uma matraca, é usado pelos cantadores enquanto percorrem os arrozais. Assim se comunicam entre as montanhas.

Na verdade, Kokiriko é um tipo de bambu usado nos telhados das fazendas centenárias de Goka, hoje considerada patrimônio cultural por conta dessa tradição milenar. E esse bambu usado nas construções, quando secava, produzia um som tão bonito que acabou por dar origem ao instrumento.

E como se encontram esse Brasil e esse Japão?

Esse é um encontro tão surpreendente quanto inescapável! As duas canções se referem a costumes comuns aos japoneses e aos índios brasileiros: ambas fazem parte de momentos rituais coletivos em que a natureza como provedora se torna motivo para cantar às forças superiores, pedindo que intercedam pelo bem do grupo.

TAMOTA MORIORE/KOKIRIKO NO BUSHI

Txucarramãe (Mato Grosso) e Goka (Japão)
canto de despedida dos Txucarramãe, grupo Kayapó do Xingu
cantiga folclórica japonesa de Toyama
baseada em áudio do LP Xingu Cantos e Ritmos – Phillips 1972
transcrição, adaptação e arranjo: Magda Pucci
base eletrônica: Xuxa Levy

Tamota moriore, more timore timore, timore
Re timore, timore timore

Kokiriko no take wa
Shichisun gobu djá

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Rupestres Sonoros

Assisti no último final de semana a um show singular. Eu digo isso porque ele me levou a reafirmar intimamente algo que eu já tinha plena convicção; o Brasil é musical por excelência.

Essa característica do nosso país é tão marcante, que para mim é impensável compreender grande parte da nossa história sem levar em conta as manifestações musicais. Dei-me conta disso inconscientemente ao ouvir as músicas que preenchiam as manhãs e tardes da minha infância; e conscientemente quando, ainda na faculdade, lendo a bibliografia necessária para minha monografia – que tratava das pinturas rupestres dos povos que habitaram o Brasil durante a nossa pré-história –, descobri que o homem americano há alguns milhares de anos era tão preocupado em reproduzir seu imaginário através de sons, que chegou a criar instrumentos que o capacitassem para essa tarefa – é o que nos diz as pesquisas que tratam do assunto, sugerindo a confecção de uma flauta feita com osso, além de alguns tambores; e também a dança, explicitamente representada nas pinturas que cobrem as paredes dos sítios arqueológicos do Brasil.

Depois disso, na primeira metade do século XVI, com a chegada dos primeiros africanos, nosso país inicia uma fusão musical tão espetacular que eu a encaro como um acontecimento mágico dentro de uma história muitas vezes trágica. O mundo hoje classifica essa música como fusion, brasilian jazz ou world music. Os músicos brasileiros preferem chamá-la, acertadamente, de música brasileira. Afinal, o fusion é a nossa característica cultural particular. Somos musicalmente indígenas, europeus, africanos, mouros, orientais...

E o Mawaca, o grupo que vi nesse final de semana, traduz genialmente tudo isso. Assisti-lo foi o mesmo que materializar diante dos meus olhos todas as minhas convicções sobre o que é o Brasil musicalmente: pré-história, colônia, império, imigração e, por fim, magia.

O show chama-se Rupestres Sonoros – O Canto dos Povos da Floresta. O nome já dialoga comigo de maneira muito pessoal, é familiar demais. Quando vi no telão imagens da Pedra Furada – PI, fui arrebatado para o Brasil que nem a expedição de Cabral conheceu.

Visitem o site do Mawaca. Lá é possível baixar algumas músicas.







A História das Coisas

Durante uma aula sobre a Segunda Revolução Industrial um aluno comentou sobre o vídeo A História das Coisas. Muito bom. Não deixem de ver.

domingo, 2 de agosto de 2009

Derrota Napoleônica 2.0

Em nota publicada hoje no jornal O Estado de S.Paulo [e transcrita abaixo, na íntegra], o autor Stephan Talty, depois de pesquisas realizadas desde 2001, concluiu que a derrota do exército liderado por Napoleão, na Rússia, em 1812, teve como principal causa o tifo; e não o frio, a longa marcha até o território que pretendiam conquistar ou a estratégia dos russos.

Napoleão foi vencido pelo tifo
(publicado hoje, 2 de agosto, no jornal O Estado de S.Paulo)

Derrota na Rússia tem nova versão

O destino do Grande Exército napoleônico estava selado muito antes de o primeiro tiro ser disparado. É o que sugere Stephan Talty, autor americano que reconstrói a história médica da fracassada campanha de Napoleão na Rússia em seu livro The Illustrious Dead - The Terrifying Story Of How Typhus Killed Napoleon ("Mortos ilustres - A História de Como o Tifo matou Napoleão").

Na primavera de 1812, mais de 600 mil homens saíram em marcha para a Rússia - mais do que a população de Paris na época. O imenso Exército pretendia depôr o czar russo Alexandre I, mas muito antes do início dos combates alguns soldados cambaleavam para fora das fileiras e desabaram na lateral da estrada. Estariam bêbados? Dado o número de soldados, ninguém se importou muito com alguns bêbados. Somente agora, 200 anos depois, foi esclarecido que as primeiras baixas da grande marcha de Napoleão não eram de alcoólatras.

Talty documenta cuidadosamente o motivo que impediu 400 mil homens de voltarem para casa, ilustrando, como poucos historiadores fizeram antes, o papel crucial desempenhado por um inimigo minúsculo: o piolho.

No fim, a espinha do Exército não foi partida pelos cossacos, nem pelo inclemente inverno, e sim pelo typhus exanthematicus, espalhado por parasitas. Foi esta a conclusão de uma investigação iniciada em 2001, após a descoberta de uma vala comum em Vilnius, Lituânia, com 2 mil corpos.

No início, os escavadores imaginaram que se tratasse de vítimas da KGB ou de judeus assassinados pelos nazistas. Mas o exame de cintos e botões de farda com números de regimentos mostrou que os mortos eram soldados do Grande Exército de Napoleão.

Análises laboratoriais posteriores revelaram que muitos dos corpos apresentavam sintomas consistentes com aquilo que era conhecido na época como "Peste da Guerra".

Apenas na primeira semana da campanha, 6 mil homens adoeciam por dia, ficando fora de combate, registrou na época o médico J. L. R. de Kerckhove. "Napoleão não está preocupado com a quantidade de soldados que desaba na beira da estrada", disse em carta à mulher o comandante de batalhão Friedrich Wilhelm von Lossberg.

Nos hospitais de campanha, os gravemente enfermos eram alojados junto aos que ainda estavam relativamente bem, garantindo que as vítimas mais recentes não se recuperassem. Hoje, a infecção é facilmente tratada com antibióticos, mas os médicos daquela época não conheciam remédio eficaz para a doença. Quando o Exército de Napoleão chegou a Moscou, seus soldados, enfraquecidos, não tiveram condições de conquistar a cidade.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Gripe A H1N1 – Recomendações

Pessoal,

O Colégio enviou para os pais de vocês uma circular com informações, divulgadas pelo Ministério da Saúde, de como podemos prevenir a gripe Influenza A H1N1. Caso os pais de alguns de vocês não a tenha recebido, segue abaixo as recomendações.

1. Limpeza das mãos: encaminharemos as crianças para lavagem das mãos com muita frequência, usando sabonete adequado que será disponibilizado pelo colégio.
2. Álcool Gel: usaremos este produto (álcool 70 graus), em todas as superfícies de contato, como: carteiras, mesas em geral em todas as salas, maçanetas das portas, banheiros etc..
3. Interferência na rotina alimentar: incluiremos no cardápio suco de laranja para reforçarmos o consumo de vitamina C.
4. Ventilação é muito importante: manteremos portas e janelas abertas para a circulação do ar, mesmo nos dias frios, neste caso a dica é: crianças bem agasalhadas. Ar condicionado é proibido!
5. A observação de nossas crianças será nossa prevenção. Em casos suspeitos: nariz escorrendo, febre, tosse, dores no corpo, procurar o médico e não encaminhar seu filho (a) para a escola.

No site do Ministério da Saúde há uma sessão com respostas para as dúvidas mais frequentes dos cidadãos. Caso você tenha alguma dúvida, acesse: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/Gestor/visualizar_texto.cfm?idtxt=32613&janela=1

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Abaixo da apresentação do blog, incluí uma seção de notícias. Pretendo atualizá-la sempre que houver alguma informação do interesse de vocês. Abraços.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

União Ibérica II

Você já aprendeu durante as aulas de História que entre os anos de 1580 e 1640, Espanha e Portugal formaram um mesmo país. O episódio, conhecido como União Ibérica, é visto com bons olhos por 39,9% dos portugueses, e 30,3% dos espanhóis. É o que mostra pesquisa realizada pela Universidade de Salamanca, e publicada no jornal espanhol El País.

Se o sonho dessa parcela da população dos dois países viesse a se tornar realidade, o novo país passaria a ser o maior em extensão, e a quinta maior economia, da União Européia. Mas como ficariam as questões culturais? Cada um deles possui tantas particularidades musicais, literárias, culinárias e de costumes, que talvez fosse melhor deixar as coisas como estão. Já é suficiente o fato de ambos participarem da União Européia, o que, na teoria, basta para haver cooperação mútua entre Portugal e Espanha. Acho que essa história acabaria de maneira desastrosa para os dois, como em 1640.

AVISO - SIMULADO OFICIAL DO ENEM SAI AMANHÃ
publicado hoje, na Folha de S.Paulo: O simulado do novo Enem terá 40 questões, dez de cada área do exame (português, matemática, ciências humanas e ciências da natureza). O modelo estará disponível no site www.enem.inep.gov.br.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Moonwalker

Eu não sei muita coisa do céu, muito menos do espaço. Do espaço eu só sei que se você tiver soluço e sua mãe pedir para você tomar água de ponta-cabeça, tudo fica mais fácil. E pelo o que andei lendo sobre os 40 anos da chegada do homem à lua, pra se saber das coisas do espaço não é necessariamente preciso pisar em Marte, na Lua, ou nos anéis de Saturno – acho que isso não é possível nem que alguém quisesse; nem tampouco construir estações espaciais. Os robôs são capazes de fazer todo o trabalho por um custo muito menor. A obsessão de pisar na lua foi mais uma das idéias americanas de se firmar como nação mais poderosa do mundo durante a Guerra Fria; e não uma atitude ligada, exclusivamente, ao desenvolvimento científico.

Ao acompanharmos os acontecimentos que antecedem a frase histórica pronunciada pelo astronauta Neil Armstrong, quando ele deu o primeiro “pulinho” na superfície esburacada da Lua, fica claro o receio dos americanos, que temiam ver os soviéticos se destacarem na exploração espacial; o que em tempos de Guerra Fria seria uma derrota e tanto.

Então, vamos aos fatos. Em 1957, no dia 4 de outubro, a URSS coloca o Sputnik, um satélite artificial, na órbita da Terra. Ôpa, como assim? Os soviéticos saíram na frente? Pois é, foi por conta disso que se deu início a corrida espacial. URSS 1 x 0 EUA. Em novembro do mesmo ano os soviéticos lançam o segundo satélite artificial, o Sputnik 2. Foi esse satélite, bem maior que o anterior, que colocou em órbita o primeiro ser vivo da Terra, a cadela Laika. Não, ela não está rodando em volta da Terra até hoje. Coitada, morreu sete horas depois do lançamento, provavelmente foi vítima do estresse da viagem – é sério, não estou brincando. Que triste. Mas, continuando a contagem: URSS 2 x 0 EUA. No ano seguinte, 1958, os americanos mandam seu primeiro satélite, o Explorer-1. Sem novidades, os soviéticos já haviam feito a mesma coisa duas vezes antes, e mais, uma delas com tripulação – coitada da Laika. Tudo bem, somaram 1 ponto. URSS 2 x 1 EUA. A resposta dos soviéticos foi além do esperado: Yuri Gagárin, em 12 de abril de 1961, é o primeiro ser humano a voar em órbita da Terra. Engraçado, esse personagem parece secundário na história das viagens espaciais. Continuando: URSS 3 x 1 EUA. No mês seguinte, o então presidente dos EUA, John Kennedy, em pronunciamento, declara que o principal objetivo da NASA deverá ser o de levar um homem à Lua e retorná-lo, são e salvo, à Terra até o fim da década de 60. Criaram a missão Apollo e você sabe o fim da história. Em 20 de julho de 1969 o mundo assistiu a transmissão ao vivo da chegada do homem à Lua, e os EUA viraram o jogo que perdiam de 3 x 1.

A grande sacada dos americanos foi mexer com o imaginário humano, já que a chegada do homem à Lua transformou aquilo que só era possível no cinema ou nos livros, em realidade. Michael Jackson, na época, com seus dez anos, talvez tenha tido a idéia de caminhar na Lua, naquela noite 20 de julho, diante da TV. Quem sabe? Era possível, ele viu com seus próprios olhos.

sábado, 18 de julho de 2009

Uma Foto

A foto acima foi publicada na edição nº 20 da revista Leituras da História, acompanhada da legenda Velho mundinho Fashion; e, logo abaixo, o texto a seguir:

"Aspirantes a modelo treinam em uma escola de Londres, em 1925. Na Inglaterra [...] há quase 90 anos a principal exigência para ser uma manequim de sucesso era ter uma postura altiva, digna de uma princesa. Para isso, era feito o exercício mostrado na fotografia acima, que consistia em equilibrar um livro sobre a cabeça, mantendo a coluna reta. A perna erguida servia apenas para dificultar a tarefa. Afinal, a vida de modelo nunca foi fácil."

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Dívida

Os alunos do 6º ano andaram me cobrando postar as fotos de um trabalho deles, realizado para a gincana de História do 2º bimestre. Criei uma conta no Flickr e coloquei lá as fotos dos grupos com suas respectivas criações: maquetes do interior de pirâmides egípcias.
Dívida paga, rs.

As fotos estão disponíveis no endereço abaixo:
http://www.flickr.com/photos/setimaaula/

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Leituras da História

Vivo batendo numa mesma tecla quando converso com vocês, alunos, sobre a importância de não se distanciar dos fatos históricos quando fazemos a leitura de um livro, estudamos para a prova ou vamos ao cinema assistir um filme.
A maneira como o fato histórico chega até nós é sempre confortável. Ler um livro e assistir um filme é sempre entretenimento, e deve continuar sendo, mas há a necessidade de recebermos uma informação considerando sua proporção. Não podemos perder a sensibilidade diante de um genocídio, de uma catástrofe ou de práticas tirânicas de um governo. Mas como fazer isso? Sugiro que seja dando rosto, nome e vida aos personagens da História. Claro que na sala de aula o tempo é curto e precisamos entender o funcionamento das estruturas políticas e sociais do período estudado. É por isso que o aprendizado da História só se completa fora da sala de aula – a tal da sétima aula. É nesse momento que você pode “conversar com os mortos”, com os homens que viveram o instante que você estudou em sala. Pra isso acontecer, você só precisa de duas coisas: curiosidade e vontade. Movido por essas duas palavras você será capaz de “ouvir esses mortos” e deixar de participar das aulas de História como se fosse a coisa mais natural do mundo, ouvir o seu professor dizer que “morreram aproximadamente 6 milhões de judeus durante o tempo em que o regime nazista atuou” ou que, “em menos de 30 dias o Estado de Israel comandou uma guerra que matou milhares de palestinos na Faixa de Gaza”. Isso faz com que você deixe de participar daquele grupo que acha o máximo os fuzilamentos, as torturas e as maldades que, infelizmente, andam movimentando a roda da História. Afinal, você vai conhecer essas pessoas, e é só conhecendo-as que vocês poderão entender suas dores e suas alegrias.

Se nessas férias você estiver com a vontade e curiosidade necessárias para conversar com esses personagens que dão vida à História, vou indicar dois livros que considero espetaculares. O primeiro é HIROSHIMA, escrito pelo jornalista John Hersey, e considerado uma das mais importantes reportagens do século XX.
A reportagem que virou livro foi encomendada pelo fundador da revista The New Yorker, Harold Ross, que queria um relato sobre “o que significava uma cidade ser atingida por uma bomba atômica”. O texto de Hersey, narrando o drama de seis sobreviventes da bomba um ano após o seu lançamento, ocupou uma edição inteira da revista e deu a devida proporção a um fato que, até então, nem mesmo os americanos haviam se dado conta. Além do texto original, o livro também traz os relatos das conseqüências da bomba na vida desses sobreviventes quarenta anos depois.

O outro livro eu considero um dos melhores que já li. Chama-se As boas mulheres da China, escrito pela, também jornalista, Xinran, que esteve, nesse mês, na Festa Literária de Paraty para o lançamento de seu novo livro. Xinran entrevistou mulheres chinesas de diferentes idades e condições sociais entre os anos de 1989 e 1997, tentando compreender a condição da mulher na China moderna. A jornalista descobriu que essas mulheres continuam a viver presas aos fantasmas da história de seu país. Esse livro é obrigatório. Além de bem escrito, não traz aquela revolta que acomete as feministas.
[esse livro pode ser encontrado em versão de bolso e a preço acessível, semelhante ao valor de uma revista]

Abraços.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Um Novo Mundo

Que o mundo está meio doido nós sabemos, e já faz algum tempo. Não é à toa que as teorias apocalípticas que difundem a idéia de que o mundo vai acabar antes mesmo do Brasil sediar a Copa de 2014 andam tomando corpo e convencendo um número cada vez maior de pessoas. Não são poucos os alunos que me procuram para conversar sobre documentários, matérias de revistas e livros que tratam do assunto. Não são otimistas nem pessimistas, não confessam acreditar ou desacreditar no que leram, viram ou ouviram; apenas demonstram a curiosidade que qualquer um de nós manifesta diante das famigeradas teorias da conspiração ou das sociedades secretas, supostamente responsáveis pelas mesmas.

Eu não acredito que o mundo vai acabar em 2012. Eu acredito que o mundo vai mudar em 2012. Mas essa mudança não tem, no meu ponto de vista, ligação direta com a data. Como acontece no desenrolar da História, não é uma data ou acontecimento que determina qualquer ruptura, mas sim uma série de transformações que se arrastam pelo passar do tempo e que, num dado momento, passam a ser notadas, assimiladas e incorporadas ao cotidiano. Foi assim, por exemplo, com a Revolução Francesa. Não foi a Queda da Bastilha que transformou o mundo e inaugurou a fase da História que chamamos de Contemporânea. Esse acontecimento foi o resultado de um processo anterior, grandioso e complexo, que transformou a maneira como o homem via o mundo, levando-o a se relacionar com ele de uma maneira nunca antes vista. E é um processo como esse que vivemos atualmente, o que aumenta as chances de algo transformador acontecer em 2012, ou 13, ou 14...

A loucura pela qual o mundo passa está desgastando ele de tal maneira, que as chances dele se manter nos moldes atuais é impensável, inviável. O desgaste é tão grande que os cidadãos não toleram mais seus absurdos e sua falta de ética. A mídia, mesmo a vendida, se vê obrigada a denunciar esquemas, atos secretos, falcatruas e pouca vergonha de todo gênero. Ela não pode omitir mais nada, pois se o fizer, os blogs trarão à tona toda a roupa suja que aguarda o dia de ser lavada. O furo de reportagem está no twitter antes mesmo de ir para a pauta dos jornais. Foi assim com o avião que caiu esse ano no Rio Hudson, em Nova York. Segundo os jornais, um jovem que passava pelo local no momento da queda, “twittou” do seu celular uma mensagem informando o acontecido, antecipando-se a qualquer meio de comunicação.

A reincidência da falta de escrúpulo de alguns políticos vem mudando, pouco a pouco, a mentalidade das pessoas, o que gera uma escolha mais criteriosa dos nossos representantes e demais servidores públicos. Maluf, pra citar apenas um nome conhecido por todos nós, já não tem condições de concorrer a grandes cargos públicos; golpes militares, como o que aconteceu recentemente em Honduras, são imediatamente condenados pelo mundo todo, ou seja, a democracia já é reconhecida como uma conquista indiscutível de qualquer cidadão e tornou-se um dever do Estado conduzir os processos democráticos, mesmo no caso de Honduras, onde até que se prove o contrário, o presidente deposto não tinha intenções muito nobres quando pediu uma revisão da Constituição de seu país. Mas ele foi eleito, e isso basta. Essa condenação deve ser comemorada pela comunidade internacional, já que até pouco tempo atrás, bandeiras eram levantadas em sinal de apoio a alguns governos ditatoriais. O Irã também passa por um momento importantíssimo e novo na sua história. O aiatolá – líder supremo que soma poderes político e religioso – passou a ser questionado e o país corre o risco de perder o seu controle para os militares que ocupam muitos cargos políticos. Não é o que a população almeja, mas, sem dúvida, o fim da teocracia é um indicativo de que o Oriente também já não suporta a situação atual. Imagine, quando iríamos assistir os jovens de Teerã deixar a companhia dos mais velhos, na hora em que se reúnem para rezar, e dirigirem-se até as ruas para reivindicar a posse legítima de Mousavi? Superaram o medo do dever religioso não cumprido, para exigir o seu direito democrático. Isso também é motivo para nós, cidadãos do mundo, comemorarmos, não?

Pois é, o que quero dizer é que sou um otimista! O mundo que eu vejo acabar em 2012, ou nos anos seguintes, é o mundo que não deve continuar a existir. E eu tive, recentemente, um exemplo claro disso. Foi quando os alunos do Colégio 8 de Maio organizaram-se e participaram de uma gincana, arrecadaram 6 toneladas de alimento, montaram 300 cestas básicas, entregaram todas elas às quase duzentas famílias do Juquiazinho, no município de Juquitiba, prepararam para as crianças de lá, um belo café da manhã, ensaiaram com o coral da escola e se apresentaram para elas, deram um nó na garganta de nós professores e funcionários do colégio e, mais do que isso, plantaram no coração de todos nós a certeza de que o mundo no futuro será bem melhor.

Aproveitem as férias, vocês merecem!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O Corpo de Cristo

O feriado de Corpus Christi – expressão latina que significa Corpo de Cristo –, comemorado hoje, é uma festa da Igreja Católica onde é entregue, simbolicamente, aos católicos, o corpo de Cristo, representado pela hóstia. Sabemos que essa prática não é exclusividade dessa festa, mas está presente na eucaristia – momento do culto em que o padre pronuncia palavras que “transformam” o pão e o vinho no corpo e sangue de Cristo, respectivamente, e, em seguida, o compartilha com os fiéis. Foi instituída por Cristo, na última ceia, quando Ele pronunciou as palavras: “Este é o meu corpo... isto é meu sangue... fazei isto em memória de mim”.

A celebração do Corpus Christi foi incorporada no ano litúrgico pelo Papa Urbano IV, em 1264, a pedido de uma freira agostiniana que exigia uma festividade para a prática da eucaristia. A sua celebração também está associada à história de um sacerdote chamado Pedro de Praga, que duvidava da presença de Cristo na eucaristia. Angustiado, foi até Roma orar diante do túmulo dos apóstolos Pedro e Paulo, pedindo a eles o dom da fé. No caminho, participou de uma missa na Itália. No momento da eucaristia, a hóstia sagrada transformou-se em carne, e o sangue escorreu de sua boca, manchando suas vestes. A parte da hóstia que tinha nas mãos, mantinha sua forma original. O milagre provou a transmutação da hóstia no momento em que ela foi ingerida pelo sacerdote.

A prática de ornar as ruas com tapetes tornou-se costume no Brasil e em Portugal, provavelmente inspirada no relato bíblico em que Jesus, ao entrar em Jerusalém montado num jumento, tem o caminho por onde passa coberto por mantos e ramos de oliveiras [Mc. 11,8]. A idéia é a mesma. Se vamos receber Cristo, então, que se enfeitem as ruas.
Bom Feriado!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Os Falsários

O nazismo e o holocausto foram temas de aulas recentes no 9º ano. Indiquei alguns filmes e comentei com os alunos a quantidade de produções cinematográficas que abordam esse momento da História Mundial. E quando pensamos que o tema já havia sido explorado de todas as maneiras, relatando e documentando todos os acontecimentos envolvendo o genocídio ao qual os judeus foram submetidos, surge na telona mais um filme sobre o mesmo assunto. Trata-se de Os Falsários, filme austríaco, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2008. Para mais detalhes, clique abaixo no ipod e ouça um podcast sobre o longa metragem que estreou na sexta-feira passada. Boa audição.


O SPAM

Sempre que sobra um tempo livre, dou uma passada no blog do Antonio Prata. Gosto da maneira como ele escreve, principalmente da forma como ele transforma coisas da vida prática em textos deliciosos, relacionando um lembrete da irmã, fixado no banheiro, com seriados humorísticos; idas à locadora com a transformação do espaço urbano e etc. Em viagem aos EUA, ele postou a explicação [correta] do termo SPAM, que nos acostumamos a ouvir desde a época em que nossas caixas postais começaram a ficar abarrotadas desse lixo eletrônico. Muito bom. Clique aqui para ler.
Abraços.

terça-feira, 2 de junho de 2009

A Droga e os Hippies

Nossa, eu já estava com saudade de escrever aqui. Confesso que final de semestre é uma temporada agitada para nós professores, mas em breve retomo esse espaço com fôlego renovado e postando novidades. Andei fotografando algumas coisas interessantes em São Paulo, e também quero indicar alguns livros e filmes para as férias que, pela amostra de frio dos últimos dias, estarão propícias para a leitura e sessões de filmes com pipoca no sofá, debaixo do edredom – o pessoal de Itapecerica, Juquitiba e São Lourenço sabem do que estou falando. O frio dessas bandas é maior do que o de São Paulo.
Por enquanto, estou colando abaixo um texto do Ruy Castro, publicado na página A2 da Folha de S. Paulo, nessa segunda-feira. A coluna desse jornalista e biógrafo destaca-se das outras por causa dos temas que ele aborda: quase todos relacionados com a cultura do nosso país ou do mundo. Nessa semana ele falou sobre as consequências do discurso hippie no final dos anos 60. Achei legal dividi-la com vocês, já que alguns ainda não conseguem desassociar as drogas com a criatividade psicodélica dessa época. Boa leitura. Ah, e lembrem-se: a liberdade contribuiu para a criatividade desse período histórica; as drogas deixaram marcas vergonhosas na história e ainda destroem nossa sociedade.

RUY CASTRO - 1969 errou

RIO DE JANEIRO - Era 1968, 69, por aí. Ia nascer uma nova consciência, uma nova cultura, uma nova era, diziam. Todos teriam o direito de ficar na sua, chamar uns aos outros de bicho e nunca mais tomar banho. Uma geração que até bem pouco se deliciava com Ovomaltine e Grapette estava agora descobrindo a maconha, o ácido, a mescalina, o cogumelo, o ópio e outras substâncias proibidas.
Os novos heróis eram escritores como Carlos Castaneda, Timothy Leary, William Burroughs. Até o venerando Aldous Huxley, morto desde 1963, fora "redescoberto". Em seus livros, eles demonstravam como as drogas abriam as "portas da percepção" e revelavam fabulosos mundos interiores, tornando seus usuários pessoas especiais, talvez até superiores.
A certeza de que as drogas seriam privilégio de uma plêiade adulta e responsável fez com que muitos pregassem sua liberação, mesmo que pessoalmente não se interessassem por nada mais radical do que fumar cachimbo ou mascar chicletes. Mas, para a imaginação liberal daquele tempo, era irresistível o argumento de que ninguém, muito menos o Estado, poderia proibir o cidadão de dispor de seu corpo e de "expandir sua mente".
Bem, isso foi há 40 anos. Por mais mentes "expandidas", ninguém então imaginou as cenas que vemos hoje pelo Brasil: gerações convertendo-se ao tráfico para sustentar sua dependência, crianças de 8 anos fumando crack nas esquinas e morrendo à luz do Sol, e bocas de fumo controladas até por patuscas e insuspeitas mães de família.
Quem poderia prever que aquele sonho mágico se tornaria um negócio de bilhões -o narcotráfico-, responsável pelo esgarçamento do tecido social, a destruição de famílias em massa, a corrupção da polícia, os assassinatos sem conta, a vitória do submundo? Decididamente, 1969 errou longe.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Links

O pai da Sawara, aluna do 9º ano, mantêm um blog muito interessante sobre a cultura indígena. Lá vocês encontram histórias, ensinamentos e informações do trabalho dele como escritor e conferencista.
Confiram: Kaká Werá

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Incluí na lista de blogs de alunos, o blog Sábados e Suetos, da Beatriz Bonafé, do 1º ano do EM. É um espaço onde ela registra aquilo que escreve em feriados, finais de semana e dias chuvosos. Muito legal.

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O professor Ricardo também foi contaminado pela blogsfera. Ele criou o Portugália, onde publica (sem correções, como ele explica antes de cada um dos textos) as produções textuais dos alunos. Não deixe de visitar, pois seu texto pode ter sido publicado.

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A Mojo Books publicou um texto que escrevi em outro blog. Foi escrito baseado na música "Meia Saudade", do acordeonista Toninho Ferragutti. Para ler, clique aqui.

É isso.
Abraços.

Vencedores!

Parabéns ao grupo do 7º ano responsável pela confecção dos personagens que ilustraram a feira medieval. Ganharam os 30 pontos extras e deram uma arrancada na nossa gincana!
Confira abaixo, o resultado da votação:



segunda-feira, 11 de maio de 2009

O Fole Roncou

Pessoal,

Divido com vocês o lançamento do meu e-book, pela Mojo. Os interessados podem baixá-lo cadastrando-se no site.



Abraços.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Vote na Feira Medieval

Como parte da nossa gincana de História, o 7º ano construiu uma feira medieval em miniatura. A sala foi dividida em 4 grupos, e cada um deles ficou encarregado de fabricar um elemento das antigas feiras que aconteciam na Europa: barraca de armas, alimentos, casa de câmbio e empréstimos (a versão medieval dos nossos bancos). A feira também conta com seus frequentadores, incluindo os saltimbancos, ladrões e seguranças. Como fizeram um bom trabalho, todos faturaram os 50 pontos. Mas o elemento da feira mais votado na enquete ao lado, além dos 50 pontos, vai ganhar 30 pontos extras. Por isso, veja as fotos abaixo (clique nelas para ampliá-las) e vote no que mais te agradou. Os alunos do 7º ano agradecem a sua participação!
A enquete estará disponível para votação até o dia 12/05, terça-feira que vem.

Barracas de Armas



Barracas de Alimentos



Casas de Câmbio e Empréstimo


Saltimbancos e Frequentadores

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Escola de Rock

Não é de agora que os professores, funcionários e alunos do Colégio 8 de Maio se habituaram a encontrar nos corredores, e demais pavimentos do colégio, os headbangers. É fato: esse pessoalzinho já virou uma tribo que aprendemos a gostar e admirar. Andam pra lá e pra cá chacoalhando a cabeleira, são inquietos e campeões de “air guitar”, modalidade de esporte também adotada pelos pequenos. Usam coturnos que um dia já foram dos pais – o tamanho de alguns deles denuncia –; nos pulsos, não faltam os spikes, braceletes de couro infestados de rebites; no peito, ao invés de crucifixos, ou de um outro balangandã qualquer, carregam com orgulho uma palheta transformada em pingente; em casa, o jogo preferido é o Guitar Hero, e no iPod não entra som emo ou pagode. Quando estão eufóricos, felizes, ou mesmo na boa, batem cabeça e falam mais alto do que deviam; se a música é boa, fazem a mesma coisa, mas, além disso, levantam o braço e mostram os dedos indicador e mindinho eriçados, fazendo o sinal do Mano Cornuto, popularizado pelo ídolo Dio. Assim que tiverem idade – e barba – suficiente, irão realizar o desejo de ter um bigodão igual ao do Paul Teutul, do American Choppers. Esses caras – e minas – são um barato! Já chegaram a realizar uma festa de debutante onde o traje obrigatório foi bandana e jaqueta de couro, no lugar do convencional terno e gravata.
Tanta criatividade e tamanha aptidão musical não poderiam ter resultado em outra coisa: montaram uma banda de rock, o General Ace! Mas, diferente do filme, onde o Dewey Finn ensina a molecada a tocar e gostar de rock, no General Ace, o professor com pinta de regueiro – que na verdade é fã de Brujeria – é o baterista; na sala, o que ele ensina é matemática.

Abaixo estão os links para fazer o download das cinco faixas gravadas pela banda.
Parabéns, galera!

3030
Blameless
We go Down
Democracia
Rock in the Free World

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Viagem ao Egito

Desde o início do ano venho realizando uma gincana bimestral com os alunos do EF II e, com os alunos do EM, a produção de jornais. A idéia é fazer com que os alunos pesquisem, envolvam-se com o conteúdo de maneira divertida e mantenham-se informados dos acontecimentos relevantes da semana.

Pedi, na semana que antecedeu o feriado, aos alunos do 6º ano, que criassem um anúncio para uma agência de viagem, oferecendo uma visita ao Egito. Um dos trabalhos superou minhas expectativas pela riqueza de detalhes. Nele, o grupo especificou, além dos valores, os pontos turísticos que fazem parte do pacote: resultado de pesquisa e envolvimento dos integrantes, que em nenhum momento fugiram do tema e da proposta explicada em sala. Não faltou nada, estão de parabéns! A sala aplaudiu e eu não me cansei de andar pra cima e pra baixo com o cartaz debaixo do braço. Como vocês cresceram na realização de atividades em grupo! Estou muito contente.
Abaixo está o trabalho do grupo Historiadoras do 8 [clique nas imagens para ampliá-las]:

sábado, 4 de abril de 2009

Sebos e Descobertas

Mais de uma pessoa já me perguntou se li o Código Da Vinci, de Dan Brown. Vi o filme e não gostei. Pra falar a verdade, achei péssimo. Mas não foi por isso que deixei de ler o livro. Só não li porque ele não me escolheu. Eu acredito nisso. Livros, LP’s, CD’s, shows, HQ’s, peças de teatro e filmes, possuem essa faculdade: a de escolher público, leitor, ou ouvinte.
Me dei conta disso um tempo atrás, quando não era comum as pessoas terem computadores em casa, muito menos internet. Naquela época – e não pense que porque eu disse naquela época, significa que faz muito tempo, ou que sou mais velho do que você imagina; eu estou falando do início dos anos 90, tipo assim, 93, 94, certo? – o meu Google era um Sebo lá em Sto. Amaro, na Brigadeiro Luís Antônio, ou no Centro de SP [será que ainda existe o Sebo do Messias?]. Era lá que as coisas me escolhiam.
Como eu não conhecia muita coisa além daquilo que os amigos me apresentavam, ou que eu via e ouvia em casa, na TV, ou no rádio, acabava investindo R$ 5,00 ou R$ 10,00, em algo que me chamasse a atenção – que me escolhesse.
A “flauta mágica” do Jethro Tull, eu só ouvi porque fui seduzido pela capa mais que fantástica do álbum The Broadsword and The Beast. Como no dia eu tinha R$ 8,00, e o LP custou 5,00, investi o troco num outro vinil, mas de um francês que tocava violino: Jean Luc Ponty [Mauro, falei com você sobre esse cara, ontem. Lembra?]. Nunca tinha ouvido falar em nenhum dos dois, mas eu tinha R$ 8,00 e as capas eram legais.
Em casa espirrei feito um doido. A poeira de Sebo é bem criada, poderosa, dessas que grudam e só saem com Veja. E claro, provocam séries de espirros intermináveis em pessoas que sofrem de rinite, como eu. Mas depois, de nariz assoado e vinil lavado, ouvi, ouvi e ouvi as aquisições. Estranho, diferente e... gostei!
Esses dias fiz o download de umas músicas do Jean Luc Ponty. Mas a facilidade de conseguir outras, ou mesmo a sua discografia, faz com que você acabe deixando de lado as que acabou de baixar, sem ao menos ouvi-las com a devida atenção. Por isso, experimente ser escolhido por alguma coisa em um Sebo, livraria, ou sei lá onde. Essa descoberta pode ser interessante. Na pior das hipóteses você vai dar um passeio, sair da frente do computador e espirrar.

Aqui está um site onde você pode encontrar alguns endereços de Sebos em SP: Sebos da Grande São Paulo
E abaixo, a capa fantástica do LP do Jethro Tull:


Abraços!

domingo, 29 de março de 2009

O Argentino

Nessa última sexta-feira, conversei com os alunos do 1º ano do EM a respeito de uma [outra] crise vivida pela História: o fim do altruísmo e a ausência de heróis. Disse a eles que numa sociedade onde não há preocupação com o outro, onde predomina a satisfação de prazeres e necessidades individuais, não é possível surgir bandeira ou causa de interesse comum. Alguns historiadores chegaram ao ponto de decretar o fim da História, já que não há cenário para uma revolução ou mudança do status quo. Encerrei o assunto pedindo aos alunos que fossem até o cinema assistir o filme Che - O Argentino [ou Che - parte um], talvez por esse ter sido um dos últimos homens movidos por um sentimento revolucionário verdadeiro.
Eu não consegui assistir o filme na última mostra de cinema que aconteceu em São Paulo, no ano passado, mas acompanhei a repercussão positiva e fiquei aguardando sua estréia no circuito aberto. Ontem, depois de 2h06 diante da telona, tive a certeza de que o filme é o melhor produzido sobre o Comandante, e o papel definitivo da carreira de Benicio del Toro. Isso é opinião pessoal, claro.
A classificação indicativa é 12 anos. Independente disso, o filme será mais bem aproveitado por aqueles dispostos a conhecer um personagem com valor histórico indiscutível. Se você pretende assisti-lo como simples entretenimento, talvez seja melhor deixar para depois, não é isso que o filme propõe. Nele é possível ver a evolução, muito bem retratada, de um homem que, na sacada de um apartamento, diz a Fidel seu sonho de libertar Cuba e propagar a revolução por toda a América Latina, antes mesmo de terem homens suficientes para lutarem contra Fulgência Batista. Em Che, nota-se a evolução do idealismo do Ernesto Guevara de Diários de Motocicleta. Agora, nasce o guerrilheiro forte, homem forçado a tomar decisões em meio às situações extremas vividas na Sierra Maestra. Além das etapas da guerrilha, o ponto forte do filme é a reconstrução do discurso onde Che desafia a Assembleia da ONU, ironiza os governantes dos países da América Latina que aceitam as imposições do imperialismo americano e diz que “nossa luta é uma luta à morte”.
Se você for ao cinema, não vá embora quando as letrinhas começarem a subir. A música Fusil contra Fusil, que encerra o filme, é de arrepiar.

Abaixo estão dois trailers do filme e um vídeo de Silvio Rodriguez executando a canção Fusil contra Fusil.






quinta-feira, 26 de março de 2009

Futuros Arqueólogos

Ano a ano, o primeiro bimestre, do primeiro ano do Ensino Fundamental II, me surpreende. Os temas que envolvem o trabalho do arqueólogo despertam um brilho no olhar dos pequenos que é encantador. As possibilidades investigativas da arqueologia são tantas que, somadas aos problemas não resolvidos pelos pesquisadores, levam os alunos a propor soluções viáveis para tudo o que os livros apenas especulam.

Abaixo estão duas fotos dos futuros arqueólogos, paleontólogos e geólogos em visita ao museu de Geociências da USP. Uns me disseram: “Nossa, a USP é grande e bonita. Eu vou estudar aqui!”. Não tenho dúvidas, pensei. =D!





terça-feira, 17 de março de 2009

MAFUÁ

É com alegria que eu divido com vocês a notícia de que a Mojo Books publicou meu pequeno conto, Mafuá, baseado na música homônima de Yamandu Costa, e confirmou a publicação do meu livro (mojo book).

Abaixo está o single. Basta clicar na imagem para carregar a página onde está o conto. Sobre o livro, em breve dou notícias. Abraços.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Lampião e Prof. Carlão

Hoje o Thobias, meu aluno artista, me presenteou com mais um desenho. Dessa vez posei pra foto com ninguém menos que ele, Capitão Virgulino, o Lampião!



Thobias, obrigado pelos desenhos e pela amizade!

domingo, 8 de março de 2009

Tiradentes Esquartejado (2º EM)

Cem anos antes da Proclamação da República, Tiradentes, junto com outros “inconfidentes”, realizaram a primeira tentativa de emancipar o Brasil e levar o país à condição de República. Sua morte e esquartejamento, no ano de 1792, foram retratados por Pedro Américo no século seguinte (1893), como propaganda dos ideais republicanos. Tiradentes, comparado a Cristo no quadro, tentou levar a salvação a um país que sofria nas mãos da coroa portuguesa.

Abaixo está o quadro na sua versão original. Na imagem seguinte, marquei em azul a referência ao mapa do Brasil e, em laranja, o crucifixo.





Lembrem-se que Tiradentes estava sem barba e com a cabeça raspada.

Abraços.

terça-feira, 3 de março de 2009

A Lei do Oeste

– Professor, posso mostrar o meu TC amanhã?
– Não.
– Por quê?
– Porque esta é a Lei do Oeste!






















Obrigado, Thobias. Adorei o desenho.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Sobre o Conhecimento

Desde o dia em que conversei com um amigo sobre a produção do conhecimento, e suas motivações, formei opinião sobre o assunto. A resposta que ele me deu, reminiscente de uma leitura do livro Um Mundo Infestado de Demônios, de Carl Sagan, era a de que uma criança, curiosa em desvendar os mistérios que envolvem o mundo, faz perguntas sobre possibilidades cabíveis de investigação pela ciência, mas muitas vezes encaradas como absurdas ou sem resposta. Assim, quando não nos prestamos ao papel de sanar essas curiosidades, matamos as possibilidades investigativas desses futuros cientistas e, pior, afastamos o interesse dos jovens pelo saber científico e pela desmistificação das coisas do universo e do mundo. Isso me marcou de tal maneira que pensei no assunto por muito tempo. Tempo suficiente para concluir que todo o conhecimento se constrói a partir da dúvida, da inquietação, do absurdo e da curiosidade.

Hoje tive minha tese de segunda, ou terceira mão, confirmada. Um aluno do 6º ano, naquela idade onde a imaginação se sobrepõe e prevalece diante do conhecimento cartesiano impregnado na falta de imaginação dos adultos, me perguntou durante uma aula sobre o Paleolítico, se existiram hominídeos canibais. Vasculhei a memória em busca de uma resposta cabível. Pensei nos índios que praticavam ritos antropofágicos, tentei encontrar alguma ligação entre eles e seus antepassados do fim do Neolítico e... nada. Quando estava prestes a balbuciar um não sei, mas é capaz, veio-me à mente um sítio arqueológico nos EUA onde foram encontrados coprólitos que indicavam existir tal prática entre os ancestrais dos índios de lá. Passado um segundo, respondi: Sim, existiram. O menino sorriu satisfeito, como quem encontra na simples resposta um indício de que ele é conhecedor do passado, e respondeu: Vou desenhar isso no meu TC! – a tarefa de casa.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Paraisópolis - AD

Para os alunos do 3º ano do EM:

Estou postando abaixo o link com a matéria originalmente publicada no UOL Notícias, caso alguém queira consultá-la antes de iniciar a reportagem proposta em sala. Lembrando que essa atividade é opcional, somando nota de AD apenas aos grupos que a entregarem dia 20/02, sexta-feira.

Em Paraisópolis, tropa de choque se junta a cenário que mistura PCC, milicianos e ONGs.

Abraços.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A Armada Vencida

Comentei em sala – no 8º ano e 2º do EM –, durante aula sobre a União Ibérica, a vergonhosa derrota da "invencível armada" formada por Felipe II. O quadro abaixo, pintado por Philippe-Jacques de Loutherbourg, em 1796, retrata o episódio e foi citado em aula. Como notei interesse por parte de alguns alunos, aí está:



Cenas dessa famosa batalha foram exibidas no filme Elizabeth, a idade de ouro.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Livros da Mojo

Na minha opinião música e literatura se relacionam de, no mínimo, três maneiras: 1) Música serve de pano de fundo para uma boa história. Seja para acompanhar a leitura ou fazer parte do universo textual. 2) Histórias, reais ou fictícias, inspiram músicos e compositores. 3) Música serve como um marcador de memória. Quando ouvimos determinada canção nos lembramos de uma história que pode ter acontecido, que só existe na nossa imaginação ou que virou texto. É como um cheiro que nos faz lembrar de alguma coisa. Bem, música e literatura tem tudo a ver, não é mesmo?

Existe uma editora digital que foi criada porque acredita na relação entre a música e a literatura. A Mojo Books tem como proposta responder a seguinte pergunta: Se música fosse literatura, que história contaria? É por isso que ela só publica livros, HQs e pequenos contos inspirados por músicas. Se um álbum inspirou o escritor, trata-se de um livro. Se foi uma única música – e por conta disso o texto é mais curto – é um single. Caso o escritor queira recontar a história escrita por outra pessoa, virou um remix. Ou seja, na Mojo Books você pode ler – ou escrever – um Álbum (livro), Single ou Remix. E o melhor é que todos os textos podem ser baixados do site depois de um cadastro. Se você quiser a versão impressa do livro, todo mojobook cabe dentro da caixinha de CD. Dá pra colocar na estante junto com os seus álbuns prediletos. Os livros vão de Pantera a Chico Buarque. Fica ao gosto do freguês.
Acessem Mojo Books e boa leitura (ou seria audição?)!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A Beleza Prevaleceu.

Já estou algum tempo sem postar. Pensei em escrever um histórico dos conflitos que acontecem há anos no Oriente Médio, já que compreender esse longo processo é fundamental para o entendimento das tristes cenas que estamos acompanhando pelos jornais e noticiários, dia após dia na faixa de Gaza. Mas hoje, pela manhã, lendo o jornal, a beleza prevaleceu e eu achei impossível não dividir com vocês um texto do Rubem Alves. Acho que perceber a beleza em meio ao caos, no momento é mais importante que entender a guerra.

O caos e a beleza (publicado hoje, na Folha de SP)

QUANDO EU ERA seminarista gostava de dormir ouvindo música. Eu tinha um radinho de válvulas e a música vinha sempre misturada com os ruídos da estática. Eu preferia a música às rezas. Se eu fosse Deus, eu também preferiria.
Na verdade eu já não rezava mais por duas razões. Primeiro, as aulas de teologia, pela mediocridade, me fizeram pensar -e o pensamento é um perigoso adversário das ideias religiosas. Eu nem sabia se ainda acreditava em Deus. Segundo, se Deus existia, valia o dito pelo salmista e por Jesus de que, antes que eu falasse qualquer coisa, Deus já sabia o que eu iria falar; o que tornava desnecessária a minha fala. Eu estava mais interessado em ouvir a divina beleza da música que em repetir as minhas mesmices que deveriam dar um tédio infinito ao Criador.
Se Deus existe, a beleza é o seu jeito de se comunicar com os mortais. Disso sabem os poetas, como é o caso da Helena Kolody, que escreveu: "Rezam meus olhos quando contemplo a beleza. A beleza é a sombra de Deus no mundo". Ela poderia ter sido uma amiga da solitária Emily Dickinson, que sentia igual. "Alguns guardam o domingo indo à igreja / Eu o guardo ficando em casa / Tendo um sabiá como cantor / E um pomar por santuário / E, ao invés do repicar dos sinos na igreja / Nosso pássaro canta na palmeira / É Deus que está pregando, pregador admirável / E o seu sermão é sempre curto. Assim, ao invés de chegar ao céu, só no final eu o encontro o tempo todo no quintal." Às vezes, Deus se revela como pássaro...
Deitei-me e liguei o radinho. Era uma noite de mau tempo, tempestade. O ar estava carregado de eletricidade -que entrava no rádio sob a forma de ruídos, estática, assobios. Era um caos sem sentido. Mas não perdi a esperança e continuei a procurar. De repente -a estática dominava a audição- ouvi lá no fundo uma música que muito amo: o concerto para piano e orquestra n.º 1, de Chopin. Fiquei ali lutando contra a estática: 90% de ruído caótico, 10% de beleza.
Eu não entendo esse mistério: todos os sons, estática e música chegavam juntos, misturados. Mas a minha alma, sem que tivesse sido ensinada, sabia distinguir muito bem o ruído caótico e sem sentido dos sons da beleza, que me comoviam. Minha alma sabia que a ordem morava no meio do caos e ela estava disposta a suportar o horrendo do caos pela beleza quase inaudível que existia no meio dele.
Aí me veio uma ideia sob a forma de uma pergunta que me pareceu uma revelação: a vida toda não será assim, uma luta contra o caos sem sentido em busca de uma beleza escondida? E essa busca da beleza, não será ela a essência daquilo a que se poderia dar o nome de "sentimento religioso?"
"Sentimento religioso", como eu o entendo, nada tem a ver com ideias sobre o outro mundo. E algo parecido com a experiência que se tem ao ouvir a "valsinha" do Chico, ou a primeira balada de Chopin.
Uma sonata de Mozart... Um crítico musical poderia escrever um livro inteiro analisando e descrevendo a sonata. Mas, ao final da leitura do livro, o leitor continuaria sem nada saber sobre a sua beleza. A beleza está além das palavras, exceto quando as palavras se transformam em música, como na poesia.
Ficou aquela imagem. Uma melodia linda se faz ouvir em meio aos horrores da vida. Ainda que seja uma "marcha fúnebre"...