quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Tamota Moriore

Um dos integrantes do Mawaca colocou no YouTube uma das músicas apresentadas no show Rupestres Sonoros.
Como os vídeos do post anterior não eram da apresentação que assisti, incluí esse – provavelmente gravado no Auditório Ibirapuera, no final de semana em que acompanhei o espetáculo – para ilustrar melhor as sensações criadas por essa experiência musical de transformar arte rupestre em som.



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As informações abaixo foram extraídas do site:
http://www.mawaca.com.br/mawaca/index.html

TAMOTA MORIORE/KOKIRIKO NO BUSHI

Tamota é uma canção usada para dar início à troca ritual de presentes e comidas entre dois grupos, os da aldeia e os da floresta. No encarte do LP Xingu, consta que essa música pertence ao grupo de Kritão, um importante chefe Txucarramãe, já falecido. No meio do canto Txucarramãe, citamos um trecho de Kokiriko bushi, a canção folclórica mais antiga do Japão, do povoado Goka, na província de Toyama. Cantada pelos plantadores de arroz, ela tem a função de pedir aos deuses xintoístas proteção e uma boa colheita. Essa canção aprendida oficialmente nas escolas, ficou por muito tempo esquecida no início do século XX, quando foi vetado o contato com canções de estilo folclórico – o minyo. Mas nesta última década, ela se popularizou novamente e ganhou até versões para ringtones de celular!
Kokiriko é também um instrumento de bambu 23 centímetros, cujo som, parecido com o de uma matraca, é usado pelos cantadores enquanto percorrem os arrozais. Assim se comunicam entre as montanhas.

Na verdade, Kokiriko é um tipo de bambu usado nos telhados das fazendas centenárias de Goka, hoje considerada patrimônio cultural por conta dessa tradição milenar. E esse bambu usado nas construções, quando secava, produzia um som tão bonito que acabou por dar origem ao instrumento.

E como se encontram esse Brasil e esse Japão?

Esse é um encontro tão surpreendente quanto inescapável! As duas canções se referem a costumes comuns aos japoneses e aos índios brasileiros: ambas fazem parte de momentos rituais coletivos em que a natureza como provedora se torna motivo para cantar às forças superiores, pedindo que intercedam pelo bem do grupo.

TAMOTA MORIORE/KOKIRIKO NO BUSHI

Txucarramãe (Mato Grosso) e Goka (Japão)
canto de despedida dos Txucarramãe, grupo Kayapó do Xingu
cantiga folclórica japonesa de Toyama
baseada em áudio do LP Xingu Cantos e Ritmos – Phillips 1972
transcrição, adaptação e arranjo: Magda Pucci
base eletrônica: Xuxa Levy

Tamota moriore, more timore timore, timore
Re timore, timore timore

Kokiriko no take wa
Shichisun gobu djá

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