sábado, 17 de julho de 2010

O diário dos leitores de Anne Frank (8) - último post

Cheguei a pensar que, por causa das férias, vocês deixariam de lado a leitura conjunta do diário. Depois de não ter visto movimentação, nem comentários no blog desde o último post, estava quase convencido disso. Até que, para minha surpresa, surge o Doppel me lembrando que eu devia ter postado no último domingo. Que ótimo! Isso significa que terminamos de ler O Diário de Anne Frank!

Fiquei muito contente em ter vivido esta experiência com vocês e reafirmado para mim mesmo que um livro pode ser lido de muitas maneiras e trazer experiências diversas, sendo todas elas muito significativas. Antes de dividir com vocês minhas impressões sobre as últimas páginas do livro, gostaria de pedir para que todos os que acompanharam o grupo nesses quase três meses, colocassem suas opiniões, apontassem os aspectos positivos e negativos desse tipo de leitura e sugerissem novos títulos para, quem sabe, organizarmos outra atividade como essa, dando força a um grupo de leitura que poderia surgir e tomar força em nosso colégio. Acho que só temos a ganhar com isso. Não só como alunos, mas como cidadãos e pessoas preocupadas em atuar no mundo de maneira consciente. Esse tipo de atividade é, muitas vezes, capaz de ultrapassar o conhecimento que obtemos na sala de aula.

Sobre o livro, não precisamos falar sobre todas as coisas tristes que envolvem o seu desfecho, já que isso é um sentimento que todos do grupo compartilham, não é? É realmente duro tomar conhecimento do fim trágico das pessoas que estavam no Anexo, sabendo que, dentro de pouquíssimos dias, todos estariam sãos e salvos para, aos poucos, reorganizarem suas vidas e darem direção aos seus sonhos e objetivos.

Em minha opinião, o que o diário da Anne Frank tem de grandioso é o fato de ele conseguir mostrar para nós como a História não é um emaranhado de acontecimentos registrados em livros didáticos, distanciando o aspecto humano dos acontecimentos históricos. Livros como O Diário de Anne Frank, Hiroshima, As boas mulheres da China, e tantos outros, nos apresentam o verdadeiro agente da história: homens, mulheres, crianças, ou seja, nós. Imagine que cada vítima do Holocausto tinha uma história pessoal complexa, ligada à vida de muitas outras pessoas, regada a amores, amizades, inimizades, sonhos e frustrações – assim como cada um de nós. O livro que lemos juntos humaniza a História. E humanizar a História significa tomarmos consciência do nosso papel no mundo, afinal, você não faz só parte das estatísticas que preenchem livros escolares, não é verdade? Você tem uma história escrita e registrada na sua memória e na das pessoas ao seu redor. Por isso, é importante que você a escreva da melhor maneira possível!

Aguardo a impressão de vocês sobre o livro e a leitura em conjunto.

Boas férias a todos.

Um grande abraço,
Professor Carlos

2 comentários:

Camilla Wootton Villela disse...

Ê Carlos... Você quebrando tudo, mais uma vez! Essa ideia do "Diário dos Leitores" foi linda. Parabéns, parabéns, parabéns! Mais uma vez.

Não só por ela ter chegado até aqui, no final, mas por ter perspectiva de mais. O papel da Literatura e desse invadir o cotidiano dos jovens é fundamental. Não apenas a ficção, mas histórias como as de Anne, uma menina real, que passou por momentos também reais, dentro dela e da História mundial - e, claro, como você mesmo disse, a Anne e tantos outros personagens que também teriam histórias para contar.
Lembro que esse livro mexeu muito comigo, quando li. Sempre estamos acostumados com desfechos de Hollywood e, por mais que as pessoas falassem, ainda que em confidência, que a Anne morreria no final, eu realmente não acreditava que isso ia acontecer. Tenho lembranças muito sólidas da lição que absorvi a partir da leitura do livro.
Esse é o universo (maravilhoso) da leitura. Não só para o nosso próprio enriquecimento, mas para sabermos compartilhar. Compartilhar leituras (livros, que muitas vezes são mantidos escondidos por muitos leitores que não sabem emprestar) e impressões dos leitores, como esse espaço criado por você, aqui no seu blog.

Projetos como esse só têm a acrescentar.
Que a união da Literatura (brasileira, universal, livros-reportagem, poemas...) com aulas de História seja mais frequente. E eu sei que, no que depender de você, isso será um hábito - de leitura, de aprendizado.

Beijos,

Carlos Assis disse...

Obrigado, Camilla!

Se a História é a ciência que estuda o homem no tempo, é impossível não associá-la com a literatura, que registra as impressões do homem nessa caminhada pelo tempo. Sem ela, como eu disse, a História perde o seu caráter humano.

Um abraço