As duas últimas semanas foram especiais para mim nesse segundo semestre. Os alunos mostraram um potencial criativo e uma disposição na realização de algumas atividades que confirmaram a minha crença de que apenas a cultura e o conhecimento podem emancipar os indivíduos e torná-los agentes transformadores da sociedade.
Os alunos das 3ª e 1ª séries do EM produziram, respectivamente, fotografias reproduzindo revoltas do final do século XIX e início do XX, e releituras de obras do Romantismo; os participantes da 3ª Olimpíada Nacional em História do Brasil chegaram a 5ª etapa da competição e aguardam o resultado com a listagem das equipes finalistas; os finalistas do Prêmio de Produção Textual produziram um filme que é um convite à reflexão, e os alunos do 6º ano B apresentaram peças inspiradas nos mitos gregos (vejam as fotos abaixo)... Enfim, esses jovens demonstram que, dia a dia, tornam-se construtores de um mundo melhor.
Os 9 alunos do Colégio 8 de Maio que participam da 3ª Olimpíada Nacional em História do Brasil, chegaram a 5ª etapa!
Divido com todos o e-mail que mandei para eles reconhecendo o empenho e a dedicação que demonstraram até aqui:
"Todos vocês estão de parabéns por terem concluído essa etapa da Olimpíada! Vocês não imaginam como é gratificante para um professor conviver com jovens empenhados em desbravar as dificuldades que conduzem ao aperfeiçoamento individual e à conquista de novos conhecimentos. O mundo precisa cada vez mais de pessoas com o espírito que vocês demonstraram possuir nessa etapa da Olimpíada! Eu já tive a idade de vocês e sei como as tentações para deixar os estudos de lado são muitas. Por isso, vê-los empenhados em uma olimpíada que não oferece recompensa material é motivo para parabenizá-los mais de uma vez."
Integrantes da equipe As panteras e o tigrão.
Integrantes da equipe Mr. Carruthers
Integrantes das equipes Hadouken das Pitchulas e As Panteras e o Tigrão
Começa nessa sexta-feira o Ciclo de Cinema Asiático.
25/3 - Madadayo (Japão, 1993) Considerado um dos melhores diretores de cinema de todos os tempos, Akira Kurosawa encerra suas realizações cinematográficas com a obra-prima Madadayo. O filme segue as duas últimas décadas da vida de Hyakken Uchida, escritor e professor que se aposenta nos anos da guerra, no início dos anos 40. Seus alunos o veneram e fazem, todos os anos, um ritual de aniversário chamado Mahda-daí? (Você está pronto?) para que Uchida beba um grande copo de cerveja e responda Madadayo! (Ainda não!), reconhecendo que a morte está próxima, mas que a vida continua.
Nesta sexta-feira, dia 18, encerra-se o nosso Ciclo de Cinema Latino-Americano, para dar lugar ao Ciclo de Cinema Asiático.
Muitos filmes importantíssimos para compor uma lista da produção cinematográfica latino-americana não puderam fazer parte do ciclo por causa da classificação etária ou pela falta de tempo. Privilegiei filmes contemporâneos, deixando os clássicos como sugestão para os alunos interessados – consciente de que alguns desses filmes já se tornaram clássicos. Com isso, tentei fazer o mesmo que acontece com a abordagem histórica: visitar o passado partindo do presente.
Abaixo, estão listados todos os filmes, inclusive o que encerra o ciclo, seus trailers e sinopses. Se você deixou de assistir algum, ou não pôde participar, aproveite para ver o que perdeu e procurar o filme na internet ou em uma locadora.
Estou aberto a sugestões e muito contente com o resultado obtido até aqui.
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04/02- Machuca (2007, Chile) No Chile, na década de 1970, Gonzalo Infante (Matías Quer) é um garoto que estuda no Colégio Saint Patrick, o mais conceituado de Santiago. O padre McEnroe (Ernesto Malbran), o diretor do colégio, inspirado no governo de Salvador Allende, decide implementar uma política que faça com que alunos pobres também estudem lá. Um deles é Pedro Machuca (Ariel Mateluna) que, assim como os demais, fica deslocado em meio aos antigos alunos da escola. Uma amizade de contrastes logo nascerá entre os dois garotos.
18/02 - O Banheiro do Papa (2007, Uruguai) Em 1988, a cidade de Melo, na fronteira do Uruguai com o Brasil, se prepara para a visita do Papa João Paulo II. Todos vibram na expectativa de receber os 50 mil devotos esperados, potenciais compradores de sanduíches, bebidas, medalhinhas, etc. O contrabandista Beto tem uma idéia para enriquecer: construir na frente de casa o “banheiro do Papa”, onde milhares de peregrinos, pagando, poderão encontrar alívio.
25/02 - O Estudante (2009, México) Após se aposentar, um senhor de 70 anos resolve realizar seu sonho de cursar uma universidade, onde passa a conviver com uma nova geração.
04/03 - A História Oficial (1985, Argentina) Na Buenos Aires dos anos 80, Alicia e seu marido Roberto vivem tranquilamente com Gaby, sua filha adotiva. Porém, após o reencontro com uma velha amiga recém-chegada do exílio, Alicia começa a tomar conhecimento da cruel realidade do regime militar argentino, passando a questionar todas as suas certezas e o que considerava como verdade. Uma realidade para a qual Alicia não estava preparada, mas que agora terá de enfrentar com todas as suas conseqüências.
11/03 - Buena Vista Social Club (1999, Cuba) Durante muitos anos, artistas cubanos da vanguarda ficaram no ostracismo; muitos deles sem tocar seus instrumentos por mais de 10 anos. O documentário mostra, a partir do retorno de Ry Cooder a Havana, em 1998, as histórias de vida dos músicos cubanos envolvidos no projeto e como o sucesso do disco Buena Vista Social Club, premiado com um Grammy, transformou a vida dessas pessoas.
18/03 - As Viagens do Vento (2009, Colômbia) Após a morte da mulher, o ex-menestrel Ignácio Carrillo decide viajar para o norte da Colômbia uma última vez para devolver o acordeão que lhe foi dado pelo seu antigo mentor, e nunca mais tocá-lo. No caminho, conhece Fermín, menino que sonha em rodar o país tocando acordeão como fez Ignácio um dia. O velho músico aceita sua companhia, mas tenta convencê-lo a escolher outra coisa, pois a vida de menestrel é marcada pela solidão. Juntos, os dois cruzam a região norte da Colômbia, atravessando o deserto e encontrando a diversidade da cultura caribenha.
Sabe aquela arrumação que você prometeu fazer depois do carnaval, mas faltou coragem para encará-la na quarta-feira de cinzas? Pois é, deixei para agora e fiz! Esse blog não haveria de contrariar a máxima popular: “o ano só começa depois do carnaval”.
Conferi os links dos blogs de alunos e demais sites; atualizei os que mudaram de endereço, corrigi os que estavam errados e excluí os que deixaram de existir ou, simplesmente, nunca mais foram atualizados. Isso acabou enxugando nossa lista de blogs de alunos. Eu sei, a blogsfera anda em baixa (o assunto virou até matéria de jornal). O pessoal tem migrado para as redes sociais, twittando tudo aquilo que o pensamento dá conta de produzir em 140 caracteres e omitindo todo o resto, o que é uma pena. Mas se você, aluno ou ex-aluno do Colégio 8 de Maio, tem um blog e não abre mão de escrever com a mesma vontade que o Homem da Cobra fala, e eu esqueci de listá-lo aí do lado direito, me avise.
No mais, com uma coisinha ou outra diferente, tudo continua igual. Só a vontade de postar com mais regularidade é que aumentou. Culpa das tardes de sexta-feira, que acabam sempre no meio de um bate-papo delicioso que poderia terminar aqui, ou melhor, continuar aqui, sem hora para acabar.
Eu, o professor Ricardo (de filosofia), a Helô, o Matheus Lima, o Thobias e mais dois amigos, o Sílvio e o Luiz, montamos um blog para dialogarmos sobre história, filosofia, música, política, ciência, cinema, arte, literatura, desenho e o que mais der na telha. Todos os leitores do Sétima Aula estão mais do que convidados a participar desse novo blog.
A Catarina, da 3ª série do Ensino Médio de 2010, tinha o hábito de anotar nas margens das páginas da apostila de História, as “explicações” do professor. Recebi dela, por e-mail, as tais “explicações” – momentos divertidíssimos que passamos juntos no decorrer de 2010 –, junto com a homenagem que nós, professores, recebemos dos alunos da sua sala no dia da colação de grau. Me diverti e me emocionei quando li tudo o que ela escreveu.
Dias depois, recebi um e-mail do nosso cowboy de São Lourenço da Serra, o Thobias, com as tirinhas abaixo, que ele desenhou baseando-se nas anotações da Catarina. Obrigado, Thobias. Adorei!
A 3ª série do Ensino Médio de 2010 vai deixar saudade.
Um dos presentes que ganhei de Natal foi o livro Hitler, de Ian Kershaw. Um monstrinho de mais de 1000 páginas, que me encheu os olhos desde a primeira vez que o vi nas livrarias. Primeiramente pela capa, que traz um Hitler bem diferente daquele que estamos acostumados a ver atrás de um púlpito, tomado por um frenesi desmedido diante da multidão. Na foto, o Führer posa ao lado de seu cão Wolf. Não parece confortável, seus pés tocam o chão sem jeito, seu rosto parece vazio – o que não impede de reconhecermos naquela figura a maldade latente. No site da Editora Companhia das Letras, li que a foto foi recusada pela propaganda nazista, provavelmente por denunciar traços de fraqueza no homem que os alemães acreditaram por algum tempo ser invencível.
O outro motivo que despertou meu interesse imediato pelo livro foi o seu tamanho. São muitas as obras que tratam de aspectos da vida de Hitler e poucas conseguiram a difícil tarefa de retratar toda a sua vida. Entre os que tentaram, alguns se deixaram levar por hipóteses e deduções – ao se tratar dessa personagem, não resistimos ao desejo de, através de um exercício de imaginação, vasculhar sua infância e adolescência para encontrar o que desencadeou o surgimento do Monstro. Não foi o caso de Ian Kershaw. O historiador não se deixou seduzir pelas conjecturas. O que garante uma aventura completa pela vida do Führer (por isso o meu entusiasmo com o tamanho) com a preocupação de ser fiel aos fatos, deixando as interpretações para os psicólogos.
Comecei a deliciosa tarefa de ler esse presente de Natal sem me preocupar com prazo para terminar. São tantas páginas, tanto trabalho envolvendo a pesquisa do meu guia, o Sr. Kershaw, que seria um desrespeito voltar ao passado para percorrer esses caminhos sinuosos em apenas alguns dias das minhas férias de verão.