quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O Homem que Sabia Demais

Os alunos que assistiram O Homem que Sabia Demais, tinham razão. Estava difícil encontrar o Hitchcock em um mercado marroquino, por isso resolvi postar a cena, com ele em destaque:

Curiosidades
- O filme de 1956, que vocês assistiram, é uma refilmagem de um filme homônimo do diretor, de 1934. Na versão original a história começa na Suíça, não no Marrocos, e os protagonistas são pais de uma menina.
- No livro Truffaut Hitchcock, Hitchcock conta como teve a idéia do assassino atirar no exato momento em que se ouve o único toque dos pratos. Segue o trecho extraído do livro:

“A idéia dos címbalos (pratos) me foi inspirada por um desenho humorístico ou, mais exatamente, por uma série de pequenos desenhos que ocupavam quatro páginas de uma revista do gênero de Punch (revista semanal britânica de humor e sátira, publicada de 1841 a 1992 e de 1996 a 2002). Mostrava um homem que acorda. Ele sai da cama, vai ao banheiro, gargareja, barbeia-se, toma um banho de chuveiro, veste-se, toma seu café-da-manhã. Tudo isso em pequenos desenhos separados. Em seguida põe o chapéu, o casacão, pega seu estojinho de couro em que guarda o instrumento de música e vai para a rua, sobe no ônibus chega à cidade e entra no Albert Hall (sala de espetáculos em South Kensington, Londres, com capacidade para cerca de 8000 pessoas). Pega a entrada dos artistas, tira o chapéu, o casaco, abre seu estojo e retira uma pequena flauta; junta-se aos outros músicos e anda com eles até o pódio. Afinam os instrumentos, nosso homem senta-se em seu lugar. Chega o maestro, dá o sinal e se inicia a grande sinfonia. O homenzinho está sentado, espera, vira as páginas. Finalmente levanta-se da cadeira, pega seu instrumento, aproxima-o da boca , e, após um gesto específico do maestro, sopra uma nota na flauta: “blup”. Em seguida, guarda o instrumento, sai discretamente do palco, pega seu chapéu e seu casacão, vai para a rua. Está escuro. Ele sobe no ônibus, chega em casa, janta, vai para o quarto, vai ao banheiro, gargareja, põe o pijama, vai dormir e apaga a luz”.
Por isso que Hitchcock deixa claro no início do filme que um simples toque de pratos pode mudar a rotina de uma família americana. É como se o diretor transformasse um pequeno ato (dentro da orquestra) como o grande ato de seu filme. Genial!
- A seqüência do Albert Hall dura doze minutos e não possui uma única palavra de diálogo.
- Algumas cenas do filme no Marrocos foram realizadas durante o Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos.

- Devido ao calor marroquino, durante as filmagens Hitchcock se permitiu usar uma camiseta. Normalmente ele e a equipe usavam terno durante a realização de qualquer filme.

- A cena do restaurante típico foi incluída depois que o diretor foi a um estabelecimento marroquino comer Linguado. A princípio ele queria mandar trazer o peixe da Europa, não acreditando que no Marrocos havia os melhores exemplares da iguaria. No restaurante, achou os hábitos marroquinos à mesa um tanto exóticos e decidiu incluí-los no filme.
- Quando ouviu pela primeira vez a música "Que sera, sera", Doris Day recusou-se a gravá-la, alegando tratar-se de uma música infantil. A música não só foi a vencedora do prêmio Oscar de melhor canção original em 1956, como se tornou o maior sucesso da carreira da cantora e atriz.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Sobre o filme A Sombra de uma Dúvida

Vocês notaram que a jovem Charlie, quando está no correio, conversa com a telegrafista sobre telepatia? Nesse momento Hitchcock apresenta o tema que será explorado durante o primeiro jantar do tio Charlie em Santa Rosa.

A mãe da jovem cantarola uma canção e é acompanhada pela filha, que comenta pensar na mesma música. É como se as duas conversassem telepaticamente sobre a mesma valsa, que também é conhecida do convidado e, pior do que isso, que o associa diretamente aos assassinatos. Mais uma vez é como se o caso estivesse praticamente solucionado, mas tudo telepaticamente. ;o) Perceberam como o diretor preparou a platéia para a cena seguinte? Interessante, não?

A música que cantarolam na mesa, e que também aparece orquestrada quando surgem os casais dançando, se chama A Viúva Alegre, ligação direta com o nome dado pela polícia ao tio Charlie: o assassino da viúva alegre.

Vejam um pouquinho da história desse musical, ou opereta, do início do século XX. Acredito que é importante até mesmo para entendermos os charutos do tio Charlie e a associação das viúvas com riqueza:

"A Viúva Alegre" estreou em 1905 e se constituiu no mais bem sucedido musical de todos os tempos. Sua popularidade foi tal que chegou a inspirar modelos de chapéu, nome de charutos, restaurantes e até de comidas - no próprio Maxim, restaurante francês citado na opereta, há um prato com o nome da obra de Lehár. Hollywood já transformou a opereta em filme por duas vezes. E a canção "Vília", um dos temas da opereta, foi o primeiro grande sucesso discográfico mundial: vendeu 3 milhões de cópias em todo o mundo, isso nos primórdios da gravação sonora.

O enredo de "A Viúva Alegre" desenvolve-se em Paris, onde o embaixador de um país europeu imaginário empenha-se em fazer com que a rica viúva Ana Glawary se case com um compatriota, para que sua fortuna permaneça na pátria. Na sua versão em português, Medaglia reduziu ao máximo o tamanho dos diálogos. "Fiz isso intencionalmente, com o objetivo de permitir que o brilho das músicas sobressaia ainda mais", conta ele.


Outro ponto interessante do filme é a chegada do tio Charlie na pacata cidade. O trem solta uma fumaça muito escura. Hitchcock confessou em entrevista que essa fumaça preta pode ser compreendida como um mal chegando na cidade. Já o trem que levará o tio embora da cidade “cospe” uma fumaça branca.

Já os papos mórbidos do pai de Charlie com o Sr. Herb são curiosos se pensarmos no fato de terem ali, presente no jantar, um assassino que nem imaginam.

Espero que tenham gostado do filme e encontrado o Hitchcock.
Em breve vou postar a sinopse do próximo filme.


quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A Sombra de uma Dúvida

Amanhã o filme a ser exibido é A Sombra de uma Dúvida, o preferido de Hitchcock.

Sinopse
Quando o Tio Charlie, um assassino ludibriante, vai visitar seus parentes na pacata cidade de Santa Rosa, estão lançadas as bases para uma de suas mais cativantes e emocionantes excursões.
Logo a sua inocente sobrinha homônima, a “Jovem Charlie”, começa a suspeitar de que seu tio é o assassino da Viúva Alegre, tendo início um jogo mortal de gato e rato. À medida que a sobrinha se aproxima da verdade, a única saída para o assassino psicopata é tramar a morte da sua sobrinha favorita, num dos thrillers psicológicos mais excitantes do diretor.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Ciclo Hitchcock

Amanhã começa o nosso segundo ciclo de cinema, destinado aos alunos do 9º ano e do Ensino Médio. Nele serão apresentados filmes do diretor Alfred Hitchcock.

Nesta quinta-feira será exibido Correspondente Estrangeiro, de 1940. Exibido no início da II Guerra Mundial, o filme foi assistido por Joseph Goebbels, o homem responsável pela propaganda nazista. Goebbels conseguiu uma cópia do filme durante o período em que esteve na Suíça e, segundo boatos, parece ter gostado bastante do roteiro de Hitchcock.
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Sinopse
Johnny Jones é o correspondente de um jornal de Nova York que viaja para a Europa usando o pseudônimo de Huntley Haverstock, quando a II Guerra Mundial era uma realidade cada vez mais iminente. Inicialmente ele vai para Londres, mas logo está em Amsterdã, onde juntamente com várias pessoas testemunha o assassinato de Van Meer (Albert Bassermann), um diplomata holandês. Entretanto, logo ele toma consciência que quem morreu foi um sósia e que Van Meer na verdade foi seqüestrado por agentes do inimigo, que querem arrancar do diplomata importantes segredos. Assim sua situação fica desesperadora, pois sua história é em princípio absurda e, além disto, estão querendo matá-lo.

Curiosidades
- O ator Robert Benchley (Stebbins) obteve permissão para escrever suas próprias falas em Correspondente Estrangeiro.

- O ator Albert Bassermann não sabia falar inglês na época das filmagens de Correspondente Estrangeiro e teve que aprender suas falas foneticamente.

- Em suas clássicas aparições, o diretor Alfred Hitchcock surge em cena com pouco mais de 12 minutos, lendo um jornal e usando um chapéu.