quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Sobre o filme A Sombra de uma Dúvida

Vocês notaram que a jovem Charlie, quando está no correio, conversa com a telegrafista sobre telepatia? Nesse momento Hitchcock apresenta o tema que será explorado durante o primeiro jantar do tio Charlie em Santa Rosa.

A mãe da jovem cantarola uma canção e é acompanhada pela filha, que comenta pensar na mesma música. É como se as duas conversassem telepaticamente sobre a mesma valsa, que também é conhecida do convidado e, pior do que isso, que o associa diretamente aos assassinatos. Mais uma vez é como se o caso estivesse praticamente solucionado, mas tudo telepaticamente. ;o) Perceberam como o diretor preparou a platéia para a cena seguinte? Interessante, não?

A música que cantarolam na mesa, e que também aparece orquestrada quando surgem os casais dançando, se chama A Viúva Alegre, ligação direta com o nome dado pela polícia ao tio Charlie: o assassino da viúva alegre.

Vejam um pouquinho da história desse musical, ou opereta, do início do século XX. Acredito que é importante até mesmo para entendermos os charutos do tio Charlie e a associação das viúvas com riqueza:

"A Viúva Alegre" estreou em 1905 e se constituiu no mais bem sucedido musical de todos os tempos. Sua popularidade foi tal que chegou a inspirar modelos de chapéu, nome de charutos, restaurantes e até de comidas - no próprio Maxim, restaurante francês citado na opereta, há um prato com o nome da obra de Lehár. Hollywood já transformou a opereta em filme por duas vezes. E a canção "Vília", um dos temas da opereta, foi o primeiro grande sucesso discográfico mundial: vendeu 3 milhões de cópias em todo o mundo, isso nos primórdios da gravação sonora.

O enredo de "A Viúva Alegre" desenvolve-se em Paris, onde o embaixador de um país europeu imaginário empenha-se em fazer com que a rica viúva Ana Glawary se case com um compatriota, para que sua fortuna permaneça na pátria. Na sua versão em português, Medaglia reduziu ao máximo o tamanho dos diálogos. "Fiz isso intencionalmente, com o objetivo de permitir que o brilho das músicas sobressaia ainda mais", conta ele.


Outro ponto interessante do filme é a chegada do tio Charlie na pacata cidade. O trem solta uma fumaça muito escura. Hitchcock confessou em entrevista que essa fumaça preta pode ser compreendida como um mal chegando na cidade. Já o trem que levará o tio embora da cidade “cospe” uma fumaça branca.

Já os papos mórbidos do pai de Charlie com o Sr. Herb são curiosos se pensarmos no fato de terem ali, presente no jantar, um assassino que nem imaginam.

Espero que tenham gostado do filme e encontrado o Hitchcock.
Em breve vou postar a sinopse do próximo filme.


Um comentário:

Unknown disse...

Se alguem nao viu ainda o filme, vale a pena ver! se pujdrem também, dêem uma passada no meu blog :D