domingo, 29 de março de 2009

O Argentino

Nessa última sexta-feira, conversei com os alunos do 1º ano do EM a respeito de uma [outra] crise vivida pela História: o fim do altruísmo e a ausência de heróis. Disse a eles que numa sociedade onde não há preocupação com o outro, onde predomina a satisfação de prazeres e necessidades individuais, não é possível surgir bandeira ou causa de interesse comum. Alguns historiadores chegaram ao ponto de decretar o fim da História, já que não há cenário para uma revolução ou mudança do status quo. Encerrei o assunto pedindo aos alunos que fossem até o cinema assistir o filme Che - O Argentino [ou Che - parte um], talvez por esse ter sido um dos últimos homens movidos por um sentimento revolucionário verdadeiro.
Eu não consegui assistir o filme na última mostra de cinema que aconteceu em São Paulo, no ano passado, mas acompanhei a repercussão positiva e fiquei aguardando sua estréia no circuito aberto. Ontem, depois de 2h06 diante da telona, tive a certeza de que o filme é o melhor produzido sobre o Comandante, e o papel definitivo da carreira de Benicio del Toro. Isso é opinião pessoal, claro.
A classificação indicativa é 12 anos. Independente disso, o filme será mais bem aproveitado por aqueles dispostos a conhecer um personagem com valor histórico indiscutível. Se você pretende assisti-lo como simples entretenimento, talvez seja melhor deixar para depois, não é isso que o filme propõe. Nele é possível ver a evolução, muito bem retratada, de um homem que, na sacada de um apartamento, diz a Fidel seu sonho de libertar Cuba e propagar a revolução por toda a América Latina, antes mesmo de terem homens suficientes para lutarem contra Fulgência Batista. Em Che, nota-se a evolução do idealismo do Ernesto Guevara de Diários de Motocicleta. Agora, nasce o guerrilheiro forte, homem forçado a tomar decisões em meio às situações extremas vividas na Sierra Maestra. Além das etapas da guerrilha, o ponto forte do filme é a reconstrução do discurso onde Che desafia a Assembleia da ONU, ironiza os governantes dos países da América Latina que aceitam as imposições do imperialismo americano e diz que “nossa luta é uma luta à morte”.
Se você for ao cinema, não vá embora quando as letrinhas começarem a subir. A música Fusil contra Fusil, que encerra o filme, é de arrepiar.

Abaixo estão dois trailers do filme e um vídeo de Silvio Rodriguez executando a canção Fusil contra Fusil.






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