domingo, 30 de maio de 2010

O diário dos leitores de Anne Frank (5)

Ufa! Tardou, mas não falhou! Até meia-noite é domingo, não é mesmo?

Nessa última semana, achei que a Anne Frank estava escrevendo melhor. Vocês também tiveram essa impressão? Acho que a dedicação dela aos estudos e a paixão que demonstrava sentir pelos livros começaram a fazer toda a diferença na hora de escrever para Kitty. Concordo com o que a Julia Audujas, da 1ª série, disse sobre o talento de Anne como escritora. Talves, se o destino tivesse sido mais paciente e ela tivesse conseguido sobreviver até o término da guerra, hoje ela teria vários livros publicados. Por falar nisso, vocês sabem que existe outro livro escrito por ela e publicado aqui no Brasil? Pois é, eu também me surpreendi quando minha esposa chegou aqui em casa com ele na mão. O título é Contos do esconderijo. Eu ainda não o li, mas me parece que são as histórias que Anne criava no Anexo, como ela relatou no dia 7 de Agosto de 1943: “Há algumas semanas comecei a escrever uma história, uma coisa que imaginei do princípio ao fim, e gostei tanto que os produtos de minha pena começaram a formar pilhas.”. Esse “formar pilhas” confirma o interesse dela pelo ofício de escritora. Vocês também gostam de escrever histórias? Eu gosto. Um dia poderíamos trocar nossas histórias, que tal? Acho que seria interessante.

O humor de Anne variou muito nas páginas dessa semana. Acho que, além da situação em que ela se encontra, os hormônios têm uma parcela de culpa nisso. Anne está começando a dividir com Kitty (ou seja, comigo e com vocês) as descobertas e transformações do seu corpo, o que está carregado de novos interesses e novas curiosidades. Ela também está mais madura, começando a deixar de lado um pouco daquela menininha mimada de 1942. Exemplo disso é quando ela decide rever o seu comportamento com a Sra. van Daan e assume ter sido a causadora de muitas das discussões que teve com ela.

O Dr. Dussel – que na foto da minha edição, parecia ser um senhor tão educado e simpático – parece ser um chato. Ou será que Anne transferiu para ele o que sentia pela Sra. van Daan? Bem, mas que ele errou feio quando disse que Hitler desapareceria da História, errou! Ainda mais Hitler... Falem a verdade: não é nessa aula de História que vocês mais enchem o professor de perguntas?

Mas a pergunta que não quer calar é: “Será que Anne vai ficar com Peter?”.

Para essa semana, vamos ler até 31 de março de 1944.

Um ótimo fim de domingo a todos!

domingo, 23 de maio de 2010

O diário dos leitores de Anne Frank (4)

A covardia dos governos totalitários é, em minha opinião, a pior forma de terrorismo que a história já conheceu.

Quando exércitos se enfrentam, por mais estúpidas que sejam as afirmações usadas para justificar tamanha barbárie, me parece que conseguimos tolerar um pouco mais as notícias transmitidas das regiões de conflito ou os registros históricos. Mas quando tomamos conhecimento de atos de covardia, como os descritos por Anne Frank em seu diário, a tristeza parece dar lugar a um sentimento de impunidade e indignação.

Nessa semana, me coloquei algumas vezes, durante a leitura das últimas páginas, no lugar dos refugiados do Anexo Secreto. Foi difícil se imaginar judeu e ver pela cortina de um esconderijo as mesmas coisas que Anne viu acontecer com outros que seguiam sua religião. Isso sem contar as bombas, a convivência, o confinamento e os ladrões.

Também me sensibilizei com os cristãos holandeses, que eram forçados a abandonar seus sonhos para ter de ingressar no exército nazista e doar sua juventude para os interesses do führer.

E vocês, tiveram impressões semelhantes à minha? O que acharam das últimas páginas?

Para essa semana, vamos ler até fevereiro de 1944, ok?

Aproveitem o tempo frio e a garoa que cai em Itapecerica da Serra para ler ou assistir a um bom filme.

Um bom domingo a todos.

P.S. Vitor, quando você disse Big Brother, pensei imediatamente no “Grande Irmão” do livro 1984, de George Orwell. Se você não leu este livro, tenho certeza de que vai gostar.
Marcial, obrigado pela indicação dos sites.

domingo, 16 de maio de 2010

O diário dos leitores de Anne Frank (3)

Foi difícil parar a leitura no mês de setembro de 1942, ainda mais depois de ler as primeiras linhas do primeiro parágrafo do dia 1º de outubro: “Ontem tive um medo terrível. Às oito horas a campainha da porta tocou de repente.” Mas consegui fechar o livro. Se tivesse seguido a leitura, acho que já estaria em 1943.

Alguns alunos que conversaram comigo durante a semana disseram o mesmo. Outros, de tão envolvidos com a história, não conseguiram controlar a vontade e seguiram adiante. Acho que o motivo disso é a transferência da família Frank para o “Anexo Secreto”. É como se agora, a menina, tão parecida com outras de sua idade, tivesse se tornado a Anne Frank que conhecemos nos relatos de leitores de seu diário: uma refugiada, alguém que teve de conter os mimos e colocar as vontades infantis de lado para lutar pela sobrevivência até o fim da guerra.

Lendo esses primeiros dias de Anne no “Anexo”, fui surpreendido pelas instalações que abrigaram as duas famílias – os Frank e os Daan. Imaginava o sótão como o porão que abrigava o judeu de A menina que roubava livros. Um lugar escuro, úmido, malcheiroso e com uma mobília que, de tão improvisada, não poderia ser chamada dessa maneira. Mas não, como já fazia parte do plano do Sr. Otto Frank a transferência de sua família, as coisas já estavam um pouco mais ajeitadas, o que não deixa de ser um lugar aterrorizante quando você está se escondendo. Será que algum lugar pode ser agradável quando estamos nos escondendo?

O Anexo me interessou. A minha edição traz uma planta dos três pavimentos da casa da rua Prinsengracht, 263 (caso alguém esteja lendo uma versão sem a planta, nos avise, podemos escaneá-la e colocá-la no blog). Como sempre gostei de ler e conferir a localização das personagens em mapas, usei bastante a planta da minha edição para tentar reconstruir na imaginação aquilo que Anne descreveu. Mas foi depois de visitar um site indicado por um dos leitores do nosso grupo que fui capaz de ver, literalmente, o lugar onde Anne ficou com a sua família e com os Daan. O site é o annefrank.org e acredito que seja o oficial. Lá eu encontrei um link onde é possível fazer uma visita na casa da rua Prinsengracht, visitar seus três pavimentos e, claro, o Anexo Secreto. Essa visita 3D me emocionou. Acho que vocês também vão se emocionar. Como disse a Lavínia nos comentários, essa história é triste, e eu pude sentir essa tristeza ao “visitar” o Anexo. Cliquem aqui para irem à área do site onde está a estante que esconde a porta do Anexo. O site é “pesado”, portanto, paciência se a sua conexão não estiver colaborando.

Bem, acho que para essa semana podemos acelerar um pouco a leitura, já que muitos que estavam procurando o livro já o conseguiram; outros já conseguiram acompanhar o grupo e, alguns dos que estão com o livro desde o início, já estão lá na frente, porque não conseguiram parar de ler. Por isso, vamos ler até julho de 1943, combinado?

Espero o comentário de vocês, principalmente depois da visita ao Anexo.

Um bom domingo a todos.

P.S. Ôba! Acho que vou ganhar cookies...

domingo, 9 de maio de 2010

O Diário dos Leitores de Anne Frank (2)

Anne Frank devia sentir uma ansiedade tremenda quando, por algum motivo, ficava dias sem escrever em seu diário (ou devemos dizer “escrever para Kitty”?). Eu, depois de ler as páginas combinadas, fiquei ansioso para escrever nesse nosso diário. Acho que isso faz parte dos mistérios que envolvem os diários, a magia por trás do hábito de registrar os acontecimentos relevantes, ou não, dos dias que compõem nossas vidas.

Eu nunca tive um diário. Na infância, pensava que era algo reservado às meninas. Com o passar do tempo, descobri que não. Muitos homens mantêm diários, e eles podem ser de muitos tipos: de relatos de viajantes a cadernos de ideias. E você, tem ou já teve um diário? Eu não espero que você conte para nós aquilo que escreve nele, mas a experiência de escrevê-lo pode ser dividida com o grupo, caso você queira, é claro.

Quando os blogs começaram a se popularizar, os jornais os definiam como diários on-line. Mas depois que eles passaram a ter suas próprias características, deixaram de fazer tal comparação. Por que será que a maioria das pessoas que possui blogs não escreve neles como se escrevesse em diários, confidenciando particularidades de suas vidas? Será que o prazer de se escrever em um diário é usá-lo para aquilo que Anne registrou em 12 de junho de 1942 (“espero que você seja uma grande fonte de conforto e ajuda.”)? Talvez seja. Escrever um diário pode ser colocar em prática o “conhece-te a ti mesmo” do Sócrates, ou simplesmente uma válvula de escape para tudo aquilo que nos angustia, ou, quem sabe, os diários são objetos para serem descobertos na posteridade. Uma espécie de segredo do presente que só poderá ser revelado no futuro, como uma cápsula do tempo. O que vocês acham? Gostaria de saber a opinião de vocês sobre isso.

Penso que no caso de Anne Frank, serviu para todas essas coisas. Ela passou a escrever num momento de angústia, não só pela condição imposta pelos alemães a partir de 1933, ano em que Hitler assume o poder na Alemanha, mas por sentir a falta de uma amizade verdadeira – ausência essa, que vai fazer com que ela passe a tratar o diário como Kitty, a amiga que desejava ter na realidade. O seu diário também é uma cápsula do tempo, capaz de nos colocar em contato com outro tempo histórico. Vocês também tiveram essa impressão? Eu senti isso quando ela descreve as proibições impostas aos judeus. Imaginem, não poder frequentar o próprio jardim de casa durante a noite, ou ser impedido de dirigir seu próprio automóvel!

Outra coisa que chamou a minha atenção foi a preocupação de Anne com os parentes que continuavam na Alemanha e os pogroms de 1938, que motivaram a fuga dos tios e, posteriormente, da avó. Entender os pogroms é importante para compreender o antissemitismo. Você já ouviu falar deles? Caso não tenha ouvido ou lido algo a respeito, podemos conversar no decorrer da semana, assim não esticamos demais esse post, tudo bem?

Como essa semana está mais tranquila, que tal lermos mais algumas páginas? Eu imagino que todos estejam curiosos para saber como Anne vai para o “Anexo Secreto”, por isso, vamos ler julho, agosto e setembro de 1942?

Espero que a leitura esteja sendo tão agradável para vocês como tem sido para mim.

Um ótimo domingo para todos. Não esqueçam de agradecer as mães pelo livro. Por TODO o restante, eu sei que vocês não vão esquecer.

P.S. Adorei quando Anne Frank escreveu que levou biscoitos para os professores. Se tiver alguém no grupo com o mesmo talento culinário da jovem Anne, será um prazer experimentar os cookies.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Diário dos Leitores de Anne Frank (1)

Na capa do meu O Diário de Anne Frank está escrito EDIÇÃO DEFINITIVA. Eu, geralmente, desconfio de livros que se dizem definitivos ou capazes de cobrir toda a história de um determinado assunto. Com um professor da faculdade, aprendi que o historiador não é capaz de esgotar um tema e, no caso dos organizadores dessa edição do livro que comprei, imagino o mesmo. Quem garante que um novo dado sobre a jovem Anne não possa surgir no futuro? Foi lendo o prefácio que entendi melhor o que eles queriam dizer com EDIÇÃO DEFINITIVA.

Anne Frank começou a escrever seu diário em 1942. Em 1944, ouviu no rádio, ou alguém lhe contou – acho que vou esclarecer essa dúvida durante a leitura –, que o governo holandês, quando acabasse a guerra, iria reunir as correspondências e os diários de sobreviventes que foram vítimas da situação imposta pelos nazistas. Por isso, Anne, animada com a ideia, começa a organizar e reescrever trechos do diário – são despertadas pretensões literárias nela. Isso fez com que surgisse uma segunda versão do mesmo diário.

Com o término da guerra, e a certeza do destino de Anne, seu pai, que sobreviveu – já estou me perguntando em que momento eles se separaram (essa é outra dúvida que vou conseguir responder com a leitura) –, organiza uma terceira versão do diário, reunindo partes dos dois primeiros e excluindo trechos que considerou impróprios para a época, como os que tratam de sexualidade. Com a sua morte na década de 1980, o diário foi revisto e relançado na íntegra, com 30% de conteúdo adicional. E é esta versão organizada pela escritora Mirjam Pressler, que a editora Record, aqui do Brasil, passou a chamar de DEFINITIVA, por conter esses textos adicionais.

Você leu o prefácio da sua edição? Caso tenha conseguido um exemplar mais antigo, anterior à morte do pai de Anne, pode ser que você esteja lendo a compilação feita por ele. Se for o caso, avise o grupo, pois, assim, poderemos compartilhar as informações acrescentadas nessa edição mais recente, ok?

Agora, vamos falar um pouquinho sobre o grupo. Vocês viram o título do post? Acho que “O Diário dos Leitores de Anne Frank” é uma boa maneira de intitular os posts do nosso grupo, afinal, vamos registrar com certa frequência nossas impressões sobre o livro, não é mesmo?

Como vocês estão em semana de provas, para essa semana pensei em lermos o que Anne escreveu no mês de junho, no ano de 1942. Na minha edição, se não me engano, são apenas 11 páginas. Mais importante do que a quantidade de páginas lidas, é a qualidade da leitura, que, sendo feita com folga, é prazerosa, respeita o tempo de leitura de todos e nos proporciona a reflexão necessária para extrairmos o que o livro pode nos oferecer de melhor.

Então, no domingo, dividimos nossas impressões, colocamos nossas dúvidas e marcamos o próximo encontro e as páginas a serem lidas.

Um abraço e boa semana a todos.

domingo, 2 de maio de 2010

Diário de um leitor

Procurar livros é um ótimo pretexto para sair, passear, aproveitar um dia de sol como o de ontem. Por isso, na sexta-feira à noite, fiz uma busca no site Estante Virtual, para conferir se um sebo que gosto de frequentar, em SP, tinha O Diário de Anne Frank. Não tinha. Mas descobri um livro chamado Anne Frank: o outro lado do diário, que conta a história da mulher que ajudou a esconder a família Frank. Bem, não foi perdida a visita ao site.

No sábado, passei com minha esposa pelo shopping Eldorado e encontrei duas edições do livro na Saraiva. Mas como na Av. Pedroso de Moraes há muitos sebos e íamos almoçar por lá, imaginei que encontraria uma boa edição com bom preço em um deles. Sem saber, havia começado a minha epopeia atrás da Anne Frank.

O diário de um leitor de Anne Frank

Sábado, 1º de maio de 2010.

15:11 – Estacionamos o carro em um supermercado na Vila Madalena e fomos caminhando até a Fnac, na Av. Pedroso de Moraes.

15:52 – Sebo Dom Quixote. A menina que trabalha no sebo não sabe se tem o livro. Depois de alguns minutos desistimos de encontrá-lo em meio a tantos livros. (Antes de ir embora, vi a coleção completa do Asterix, encadernada. Deu vontade de comprar...) A menina nos diz para irmos ao “toldo amarelo”, outra loja do Dom Quixote.

16:03 – Dom Quixote (2).
“Tem O Diário de Anne Frank?”
“Acho que está na Vitrine.”
“Não, não está.”
“Só um minuto que eu já vejo para o senhor.”
Enquanto isso, eu encontro em uma das estantes o livro Anarquistas, graças a Deus, da Zélia Gattai, a esposa (já falecida) do Jorge Amado. Puxa, eu vivia atrás desse livro! Por R$ 18,00 não tem como não comprá-lo. Minha esposa encontra uma biografia do Shakespeare. E o tempo passa e nada da Anne Frank chegar...
“Olha, vi até na outra loja. Não temos mais.”
Compramos os dois outros livros e atravessamos a rua, caminhando em direção a outro sebo.

16:19 – “Você tem O Diário de Anne Frank?” Uma consulta no computador e: “Não.”

FOME, FOME, FOME...

16:46 – Na Fnac, a vendedora nos diz que tem um livro constando no estoque, mas, mesmo depois de conferir nas muitas prateleiras da loja, não o encontrou.

17:15 – “Vamos almoçar e passamos na Livraria da Vila. Lá vai ter com certeza.”

18:20 – Fechada. “Ah, não... Hoje é feriado, Dia do Trabalho...”
“Na volta para casa passamos no Shopping Butantã, é caminho.”

19:17 – Na Nobel: “Está em falta.”
Nessa hora eu comecei a acreditar que muitos leitores do Sétima Aula tinham comprado os exemplares do Diário de Anne Frank. Fomos ver no Carrefour e nada; nas Americanas, muito menos. “Aqui perto tem uma Laselva.” “Vamos lá.”

19:32 – Laselva: “Não consta no sistema...” Só me restava a livraria Saraiva do Shopping Jardim Sul.

20:09 – Na primeira gôndola, de frente para a porta de entrada da livraria, lá estava na capa a pequena Anne com suas grossas sobrancelhas, olhos fundos e um sorriso, como quem diz: “Te preguei uma peça”.


Nunca imaginei que seria tão difícil encontrar nos sebos de São Paulo O Diário de Anne Frank. Mas, por causa disso, tive a certeza de que o livro continua sendo lido por muitos.
E você, como conseguiu o livro? Foi mais difícil ou mais fácil? Pegou emprestado com alguém? Percorreu longas ou pequenas distâncias para consegui-lo? Estou curioso para saber.

Hoje, pretendo ler o Prefácio da edição que comprei. Que tal você fazer o mesmo e amanhã definirmos um plano de leitura?

Espero por você aqui amanhã.

Bom domingo.